Os preços da soja no mercado internacional continuaram subindo neste mês de dezembro e esta semana bateram o recorde histórico dos últimos 30 anos na Bolsa de Chicago. A cotação atingiu a marca de US$ 12,56 por bushel, o equivalente a US$ 27,70 pela saca de 60 kg. Os seguidos aumentos registrados em novembro e dezembro foram determinados, segundo o analista de mercado Adriano Vendeth de Carvalho, da SoloBrazil, por dois fatores: a demanda externa acima da esperada, puxada pelo aumento das compras efetuadas pela China, e a projeção de diminuição dos estoques mundiais em 2008 e também 2009. "O crescimento de área no Brasil e na Argentina não vai suprir a queda de produção nos Estados Unidos na safra deste ano. Ainda que a área plantada lá (nos EUA) cresça até 10%, em 2008, os estoques mundiais vão diminuir. O mercado está refletindo essa projeção de baixa nos estoques", explica. Mesmo sem ter soja para vender – a safra 2007/2008 foi praticamente toda comercializada antecipadamente – os produtores brasileiros devem comemorar as últimas altas da soja. Segundo Adriano Vendeth, os preços de agora podem não beneficiar imediatamente os sojicultores, mas são um bom sinal para 2008. "Estamos em pleno período de safra nos Estados Unidos e as cotações estão subindo. Nada indica que o mercado externo possa ter uma queda significativa, pelo menos até o primeiro semestre de 2008", afirma. Adriano diz ainda que os produtores podem aproveitar as boas cotações, utilizando mecanismos da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BMF). As seguidas altas da soja e de outros grãos fizeram a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação Animal (FAO) divulgar esta semana um documento alertando sobre uma crise alimentar em 37 países. Além dos aumentos dos grãos, também contribuem para a crise, segundo a FAO, os conflitos armados e os desastres naturais.