O produtor de soja brasileiro está comemorando nesta SAFRA a baixa incidência de focos de ferrugem asiática - que reduziram mais de três vezes até o momento. No entanto, foi pego de surpresa com a forte incidência de outras doenças, as mais agressivas, também causadas por fungos. O problema mais sério ocorre nas áreas do Centro-Oeste do País. Em Mato Grosso e em Goiás, sojicultores registram algumas perdas que chegam a até 5% da lavoura. O mesmo percentual também vem sendo computado em aumento no custo de produção. No Norte de Mato Grosso - onde estão 40% da produção de soja do estado - já se considera perdas de 1% a 2% e, em Tapurah, um dos municípios dessa região, esse percentual é mais elevado e atinge 5%, conforme explica Marufan Ferreira, conselheiro da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) e presidente do Sindicato Rural de Tapurah. O causador do transtorno é um fungo - Rhizoctonia solani - que provoca uma doença conhecida como "mela da soja". "A mela ficou controlada na nossa região por três anos. Mas esse clima quente, com pouca ventilação fez a doença retornar com força nesta SAFRA", diz Marufan. A maior dificuldade, segundo ele, é que não há produto eficiente quando a doença já surgiu na planta. "É como se jogasse água fervendo no pé de soja. Em dois dias ele morre", completa. Os percevejos, segundo Marufan, também estão atacando de forma mais severa. "Está sendo possível controlar, mas com mais aplicações. Normalmente, três são suficientes, mas muitas lavouras já estão com cinco", conta o conselheiro da Aprosoja. A maior incidência dessas pragas e doenças nesta SAFRA elevarão o custo de produção, segundo ele, de 8% a 10%. Em Goiás, as lavouras de soja da região de Jataí vêm sendo afetadas pelo mofo branco, doença causada pelo fungo (Sclerotinia sclerotiorum). Ronaldo Peres, produtor, membro da comissão de grãos da Federação da AGRICULTURA de Goiás (Faeg), conta que a incidência na SAFRA anterior foi muito pequena mas que, neste ano, em algumas propriedades, a agressividade foi três vezes maior. "Estamos gastando de 2 sacos a 3 sacos de soja - 3% da produção estimada - para aplicar fungicida. "O problema é que a doença é agressiva e não estamos conseguindo reverter o quadro", preocupa-se Peres.