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Milho - Vigília no Sul do País contra roubo de milho
Data: 16/01/2008
 
Os produtores de milho do Sul do País estão precisando fazer vigília para garantir a colheita. O uso de espantalhos não é suficiente, pois a perda não vem de animais ou pragas, mas sim, "do bicho homem". Nesta época do ano, boa parte da safra encontra-se na chamada fase de "milho verde", ou seja, propícia para o consumo humano, mas ainda não para o animal. E, com isso, o índice de roubo aumenta.
Segundo levantamento da Céleres, atualmente 20,5% das lavouras brasileiras estão em fase de enchimento de grãos e 7,8% em maturação - é nesta época que os furtos ocorrem. Em alguns lugares do Rio Grande do Sul, por exemplo, os produtores nem plantam mais o grão em áreas próximas a estradas ou a cidades, para não serem roubados. No Paraná, a estimativa da Cooperativa Agropecuária de Campo Mourão (Coamo) é que 80% da lavoura dos cooperados esteja na fase de milho verde. "É quando se come na praia", afirma o engenheiro agrônomo Luís César Voytena, da Coamo. Segundo ele, esta fase dura entre 10 a 15 dias.
O produtor Arquimedes Baritta, de Campo Mourão, é um dos "agraciados pelos gatunos", pois sua lavoura está muito próxima à estrada. Todos os anos um ou dois funcionários têm de parar seus serviços em algum momento do dia para fazer a ronda contra os roubos. "Graças a Deus, a lavoura já está começando a passar para a fase de maturação", diz Baritta. De acordo com ele, geralmente os roubos são entre 20h30 e 21 horas. O produtor cultiva cerca de 25% de sua área com milho - para rotação - e o restante com soja. Baritta não tem estimativas de quanto esta vigília aumenta o seu custo de produção.
No Rio Grande do Sul o problema também ocorre. De acordo com o agrônomo Cláudio Doro, da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), de Passo Fundo, diz que praticamente 30% do milho já está em fase final de maturação e em 10 dias começa a colheita, ou seja, passou a fase do milho verde. Mas cerca de 40% das lavouras encontram-se neste período e o restante ainda vai ficar. Segundo ele, geralmente os roubos ocorrem de noite ou de manhã bem cedo. "Hoje, os produtores que têm lavoura perto da cidade preferem a soja por causa do roubo", afirma.
Em Santa Rosa (RS), o produtor Edson Gross, diz que já computou os roubos em seus custos finais. "Não descobri como prevenir ainda, eu simplesmente desconsidera um percentual para esse fim. Faz parte do negócio", afirma. De acordo com ele, o ganho com a rotação da cultura - necessária para dar descanso do solo a praga - teoricamente cobre os custos com os roubos, pois sua lavoura principal é a soja. Pelas suas estimativas, cerca de 10% de sua lavoura encontra-se na fase de milho verde, enquanto outro percentual está sendo colhido e parte plantado - a região tem um período longo para o cultivo.

Fonte: Gazeta Mercantil
 
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