Arroz - Rio Grande do Sul terá leilão de estoques públicos de arroz
Data:
17/01/2008
Em decisão tomada nesta quarta-feira (16), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmou a realização de um leilão de arroz em janeiro. O primeiro pregão, de estoques públicos, ofertará 75 mil toneladas no dia 24, sendo que 50 mil toneladas serão do produto armazenado na Cesa. Se houver necessidade, a Conab realizará outro leilão, com a mesma quantidade, no dia 31. A reunião ocorreu na sede da Companhia, em Porto Alegre. Como o setor arrozeiro não concordava com a realização dos leilões neste momento e a Conab dava como certo o escoamento do produto, a saída foi um acordo. Segundo o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Maurício Fischer, a prioridade era escoar o arroz armazenado na Cesa, principalmente por beneficiar pequenos produtores. “Os pregões vão abrir espaços nos silos da Cesa e facilitar a armazenagem para a colheita, em fevereiro”, afirma. Fischer ressalta que o preço de abertura dos leilões, estimado em R$ 25,50, não cobre o custo de produção, de R$ 26,28. Apesar disso, o presidente afirma que o valor divulgado pela Conab é próximo do praticado no mercado arrozeiro gaúcho hoje. O presidente destaca que 70% do primeiro leilão será do arroz armazenado na Cesa, atendendo ao pedido da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio. Após o primeiro leilão, o setor irá reavaliar a necessidade de um segundo. Conforme o secretário da Agricultura, João Carlos Machado, a proposta foi considerada intermediária, mas contempla a necessidade de se abrir espaços nos silos, principalmente os da Cesa. “Tínhamos a necessidade de acomodar o arroz de cerca de 4 mil pequenos produtores e os armazéns da Cesa não poderiam receber o produto”, afirma. Contrário a realização de leilões neste momento, o presidente da Federarroz, Renato Rocha, afirmou que várias indústrias e cooperativas têm arroz e que não há falta do produto no mercado. Rocha considera, porém, que a liberação de 50 mil toneladas na Cesa abrirá espaço para 100 mil toneladas, já que a Conab não permite a mistura de arroz de uma safra para outra. “Não é proibido o produtor ter lucro e o arroz não está gerando inflação, além dos nossos arrozeiros estarem amargando três safras de prejuízos”, justifica sua posição. Para o vice-presidente de mercado da Federação, Marco Tavares, o acordo foi considerado positivo. “O arroz que será leiloado é da safra 2004/05 e o valor de abertura do leilão foi favorável ao setor”, aponta, ressaltando que, geralmente, o mercado oferece preços menores para safras antigas. O setor arrozeiro recebeu a garantia, no encontro, de que a Secretaria de Política Agrícola (SPA) irá atender ao pleito dos arrozeiros gaúchos e liberar recursos e mecanismos de sustentação de preços para a safra. A garantia foi dada por Sílvio Farnese, diretor da SPA e faz parte do acordo realizado entre o setor arrozeiro e o governo federal. Ainda na reunião, a Conab acenou favoravelmente a doação de 300 mil toneladas para programas sociais, especialmente o Fome Zero, e para países que passaram por catástrofes. “O assunto já foi encaminhado ao Ministério da Fazenda para uma resolução”, afirmou Sílvio Porto, diretor da Conab.