Trigo - Moinhos brasileiros temem falta de trigo a partir de maio
Data:
18/01/2008
Setor busca estímulo ao cultivo no país e redução de importações Indústrias, cooperativas e produtores de trigo entregam segunda, dia 21, ao ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, em Brasília, documento solicitando medidas que estimulem a produção e aumentem a rentabilidade do setor. O encontro ocorre num momento de projeção de falta do produto no mercado interno a partir de maio em decorrência da suspensão da exportação de trigo na Argentina, em vigor desde dezembro. Para especialistas, as 3,5 milhões de toneladas compradas pelo Brasil a serem entregues até 24 de fevereiro são insuficientes. Portanto, se a restrição argentina for mantida, será necessário importar o cereal de fora do Mercosul, encarecendo o custo dos moinhos nacionais em cerca de 10%. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil consome 10,25 milhões de toneladas de trigo, e produz somente 3,8 milhões de toneladas. Neste cenário, serão necessários 3 milhões de toneladas para suprir o mercado interno de maio até a chegada da safra, em outubro, aponta Alex Chaves, da superintendência de Gestão de Oferta da Conab: - As projeções indicam que o abastecimento está garantido nos próximos 120 dias. É cedo para afirmar se enfrentaremos desabastecimento. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Trigo do Rio Grande do Sul (Sinditrigo), Cláudio Furlan, a Argentina ainda teria cerca de 3 milhões de toneladas para a exportação, mas boa parte disso seria direcionado na produção de farinha da própria Argentina. - Possivelmente, o Brasil terá de buscar em outros mercados, salvo se a Argentina reabrir as exportações, mas isto é uma incógnita. Agora, a manutenção da suspensão irá elevar custos para os moinhos dependendo do volume importado - afirma Furlan. As alternativas para a indústria são terceiros mercados como Canadá e Estados Unidos. Por isso, as empresas defendem que o governo brasileiro elimine a Tarifa Externa Comum (TEC) para a compra de trigo, atualmente de 10%. O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS), Rui Polidoro Pinto, discorda parcialmente. O setor produtivo aceita a eliminação da taxa somente por tempo limitado e volume determinado, até a resolução de um problema considerado pontual. - A derrubada definitiva da TEC é ruim, causaria desestímulo - afirma Polidoro.