Nos últimos 10 anos os produtores de arroz do Rio Grande do Sul acumularam prejuízos de R$ 382,9 milhões, segundo levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). Pelos dados da instituição, em metade da década a atividade foi rentável, mas não o suficiente para compensar os outros cinco anos com preços do produto abaixo dos custos. E a estimativa do Irga para 2008 é de uma perda de R$ 4,49 por saca (50 quilos). Diante deste cenário, de acordo com a Federação da AGRICULTURA do Rio Grande do Sul (Farsul), o endividamento é crescente: dos 12 mil produtores de arroz, apenas 2 mil conseguem crédito bancário. "Os outros não buscam porque não têm acesso. A SAFRA é financiada por cooperativas, repassadores de insumos e com recursos próprios", afirma Francisco Schardong, presidente da Câmara Setorial do Arroz e da Comissão de Arroz da Farsul. De acordo com ele, muitos não deixam a atividade porque são arrendatários - 60% do total - e têm contratos a cumprir, que variam de três a quatro anos. "Mas teve gente que saiu, em razão das dificuldades apresentadas a partir de setembro de 2004", afirma Renato Rocha, presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). A instituição não tem levantamento, mas Rocha afirma que houve troca da lavoura por outros grãos e pecuária. Custos O diretor-comercial do Irga, Rubens Silveira, explica que os cálculos da instituição abrangem custos totais e preços médios praticados no ano. Segundo ele, o arrozeiro gaúcho não troca a lavoura por outra porque a atividade é desenvolvida em área de várzea e existem poucas culturas adaptadas a este tipo de solo. Para este ano, o Irga está projetando um custo médio de R$ 26,67 a saca, ante a um preço estimado em R$ 22,18 a saca. Os números do Irga são contestados pelo diretor da Cogo Consultoria Agroeconômica, Carlos Cogo. Segundo ele, os custos são muito individualizados e que, se os valores fossem verdadeiros, "estaria todo mundo no prejuízo e o estado não produziria mais de 7 milhões de toneladas, como vai ocorrer nesta SAFRA". Além disso, de acordo com ele, a CONAB não colocaria o preço mínimo do cereal abaixo do custo estimado pela própria instituição. O superintendente de Gestão de Oferta da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), Paulo Morceli, afirma que os preços mínimos do governo são baseados nos custos variáveis - do gasto apenas com a lavoura naquela SAFRA, sem depreciações e investimentos. "Esta receita permite que ele continue plantando, mas não é suficiente para fazer melhoria para as suas terras.