Trigo - Para moinhos, oferta de trigo está em risco
Data:
31/01/2008
O comunicado do governo da Argentina de que irá restabelecer as suas exportações de 2 milhões de toneladas de trigo ao Brasil desmobilizou o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que havia decidido suspender a Tarifa Externa Comum (TEC) cobrada de países não integrantes do Mercosul. Mas, representantes dos moinhos declararam ontem que não estão seguros de que o mercado interno será atendido até agosto, quando se inicia a colheita da SAFRA brasileira do grão. Boletim oficial divulgado ontem pela manhã pelo governo da Argentina confirma a disposição de o país vizinho retomar as exportações do grão para o Brasil, mas para os representantes dos moinhos brasileiros, não indica que atenderá a todas as necessidades do consumo nacional. O presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), Luiz Martins, não acredita na disposição do governo argentino de cumprir a promessa de restabelecer as exportações. Para Martins, o risco de desabastecimento do mercado interno é elevado e a promessa de voltar a vender o produto ao Brasil teve apenas o objetivo de abortar a disposição do governo brasileiro de isentar as importações de trigo da TEC. Martins declarou que a consumo mensal de trigo é de pouco mais de 700 mil toneladas e que a Argentina só deverá liberar suas indústrias de exportar cerca de 400 mil toneladas a cada mês. "O déficit é imenso e caso as importações de terceiros países não seja isentadas de imposto, o produto ficará mais caro ao consumidor e deverá pressionar a inflação". Segundo o presidente do Sindustrigo, as importações de trigo de terceiros países, isto é, que pertencem ao Mercosul, custam 16,6% mais do que o produto vindo da Argentina. O Ministério da AGRICULTURA, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mantém a sua posição de aguardar os embarques de trigo por parte das empresas da Argentina. Mas, como medida de cautela, vi reservar a vaga de que dispõe para zerar da TEC caso o abastecimento interno esteja ameaça, segundo informou na tarde de ontem. Existe o consenso no Mapa de que a Argentina não dispõe de todo o trigo que se dispõe a exportar. Mesmo assim, vai acompanhar os embarques para averiguar se o acordo será cumprido.