As cotações do trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) bateram recorde na semana passada e encerraram a sexta-feira a US$ 11,10 o bushel. O relatório do Departamento de AGRICULTURA dos Estados Unidos (Usda) reduziu mais uma vez os estoques mundiais do produto, de 110, 93 milhões de toneladas para 109,7 milhões de toneladas .No acumulado da semana, o contrato para maio se valorizou 15,53%. "A tendência de alta está evidenciada desde o início do ano comercial (2007/08), em junho, devido ao aperto nos estoques", diz o analista Élcio Bento, da SAFRAS & Mercado. Segundo ele, são os menores níveis da história, assim como os preços são os maiores. Bento explica que como a colheita no Hemisfério Norte só começa em junho, o mundo está em entressafra e com escassez de oferta. De acordo com o analista, os estoques estão baixos porque em dois anos comerciais houve quebra. Nesta SAFRA, no entanto, o Usda elevou a produção de 603 milhões de toneladas para 603,59 milhões de toneladas. Isso porque os países da ex-União Soviética tiveram incremento na colheita.
O analista Fábio Turquino Barros, da AgraFNP, explica que o trigo acabou dando suporte para outros produtos. Apesar de os números do Usda serem iguais para o milho nos Estados Unidos e 1 milhões de toneladas inferiores na Argentina, o grão encerrou o pregão a 508 centavos de dólar o bushel, 1,7% superior ao registrado na quinta-feira. No acumulado da semana, a variação foi de 1,49%. Para a soja, segundo Barros, o Usda reduziu novamente os estoques finais dos Estados Unidos (72% menores que os dos ano passado). Com isso, a oleaginosa encerrou o pregão a US$ 13,58 o bushel, alta de 0,59% no dia e de 4% na semana.
Não só os grãos ganharam com a valorização do trigo. O café também foi contaminado pelas altas das commodities. O contrato de maio na Bolsa de Nova York (Nybot) encerrou o pregão de sexta-feira a 149,80 centavos de dólar a libra-peso, 2,6% a mais que no dia anterior. Em Londres, o mesmo papel foi cotado a US$ 2.252 a tonelada, 1,67% a mais, na mesma comparação. No acumulado da semana, os papéis tiveram valorização de 5,75% e 4,64%, respectivamente. "O café pegou carona na alta dos outros produtos e também tem o quadro fundamental de aperto de oferta", afirma Gil Barabach, analista da SAFRAS & Mercado. Segundo ele, o consumo mundial está projetado em 123 milhões de sacas, enquanto o estoque é de 18,3 milhões de sacas (cerca de 15%). Barabach diz que é o volume mais baixo desde 1961.