Produtores de soja do cerrado baiano estão intensificando as aplicações de fungicida na cultura depois que técnicos do Programa da Ferrugem Asiática confirmaram os dois primeiros focos da doença no Estado nesta SAFRA. Os focos foram identificados na localidade de Bela Vista, município de Luís Eduardo Magalhães, nas proximidades da divisa com o Estado do Tocantins. A doença, provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, se alastra com facilidade e foi identificada oficialmente pela primeira vez no Brasil em 2001 em plantações do Sul do País. Ela tem efeito devastador sobre a produtividade, se não tratada com eficiência, pois os fungos se instalam no verso da folha (face abaxial), provocando o enfraquecimento da planta, comprometendo a floração e a formação dos grãos. Apesar do Vazio Sanitário - programa instituído através da Portaria 623/2007 pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, atendendo à recomendação do Ministério da AGRICULTURA e que visa esvaziar a região de plantas vivas de soja no campo entre 15 de agosto e 15 de outubro para minimizar a incidência do fungo no Estado -, os especialistas afirmam ser difícil erradicar a doença em região produtora de soja depois de instalada. A suspeita é que, durante o período sem soja no campo, o fungo se mantém em plantas nativas, proliferando-se novamente na lavoura tão logo encontre ambiente favorável. Transportado pelo vento, o fungo da ferrugem asiática da soja foi confirmado pela primeira vez no cerrado baiano em março de 2003. Naquela SAFRA, a doença derrubou a produtividade do grão de cerca de 40 sacas por hectare para 30 sacas por hectare. Já na SAFRA 2003/2004 foi estruturado o Programa Estratégico deManejo da Ferrugem Asiática da Soja no Oeste da Bahia, tendo à frente a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia, Fundação Bahia, Adab, Embrapa Soja e empresas multinacionais ligadas à venda de sementes e insumos agrícolas. Posteriormente, o modelo foi adotado por outros Estados produtores de soja. PREVENÇÃO - O controle da doença, para garantir a produtividade esperada para esta SAFRA de 45 sacas por hectare, é feito com aplicações preventivas de fungicidas em 100% da área plantada, chegando a três reaplicações quando são identificados focos na região e em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do fungo, sob umidade e temperaturas amenas. "Quando se planeja uma SAFRA, os fungicidas têm que ser previstos. Eles são fundamentais, porque a gente precisa se proteger", diz, resignado, o produtor Marcos Marangom, avaliando que só o fungicida pode custar o correspondente a quatro sacas de soja por hectare, elevando os custos de produção. Segundo o engenheiro agrônomo IvanirMaia, além da aplicação dos fungicidas é necessário o acompanhamento diário das lavouras para identificar possíveis focos. Ele ressalta que não há motivo para alarde. A expectativa é que a doença se alastre em pequena escala, pelo grau de consciência dos produtores na prevenção e monitoramento. "Como as pústulas com o fungo Phakopsora pachyrhizi são parecidas com outras doenças da soja, as folhas atingidas por manchas marrom-avermelhadas devem ser encaminhadas para um dos laboratórios que estão aptos a identificar a ferrugem asiática", destaca Maia. Na região existem nove laboratórios de combate à ferrugem, com técnicos capacitados. AVALIAÇÃO - Responsável por um desses laboratórios, a engenheira agrônoma Euires Oliveira de Araújo salienta que já chegou a receber 58 amostras de folhas em um dia. Depois de incubadas por um período de 12 a 24 horas, é feita a avaliação pelos profissionais. "Em caso positivo, os responsáveis pela lavoura são imediatamente comunicados para tomar as providências" enfatiza. A avaliação não tem custos para o produtor, que pode procurar pelos laboratórios instalados nos municípios de Correntina, São Desidério, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. MONITORAMENTO - Nesta SAFRA, devido ao atraso das chuvas no final de 2007, a ferrugem asiática se manifestou mais tarde em relação a outras SAFRAS. Conforme a técnica do Programa de Controle da Ferrugem, Mônica Martins, entretanto, é necessário que o produtor faça o monitoramento, pois, quanto antes identificado, menor o prejuízo. Para facilitar esta identificação, o programa está disponibilizando treinamentos para produtores e técnicos nos principais povoados da região do cerrado. No Brasil já foram identificados 1.323 focos da ferrugem asiática da soja na SAFRA 2007/2008. Os Estados campeões em número de focos são: Mato Grosso do Sul, com 525, e Paraná, com 523. Em terceiro lugar está Goiás, com 125 focos, Rio Grande do Sul, com 89 focos e Mato Grosso, 36.