Registro - Preços de grãos não devem cair durante colheita
Data:
27/02/2008
Os preços das principais commodities agrícolas não devem registrar quedas significativas, mesmo com a intensificação do processo de colheita. A opinião é do economista Pedro Arantes, analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), para quem não há risco de grandes turbulências no mercado, pelo menos nos próximos 60 dias. Segundo ele, o próprio levantamento de safra divulgado pelo governo deixa claro que não há expectativa de uma supersafra que possa influir decisivamente numa queda de preços. De acordo com Pedro Arantes, essa perspectiva de mercado firme para os grãos deve balizar o comportamento do produtor na comercialização da safra, evitando uma queda artificial dos preços como decorrência de oferta excessiva. “No pico da colheita, mesmo que a conjuntura do mercado internacional seja favorável à estabilidade dos preços, as indústrias de esmagamento de soja no Brasil costumam sair do mercado por alguns dias, alegando estarem estocadas, mas, na verdade, querem apenas forçar a queda das cotações”, alerta o analista de mercado da Faeg. Produção Conforme Pedro Arantes, a produção agrícola goiana na safra atual deve repetir a de três anos atrás, o que significará apenas 600 mil toneladas a mais que a do ano passado, que foi de 11,29 milhões de toneladas. Segundo ele, a Faeg não diverge do levantamento de safra da Conab quanto à área plantada, ao redor de 3,57 milhões de hectares, mas ainda não endossa o otimismo da companhia quanto à produtividade, que embasaria um aumento de 5,5% na produção. “Achamos que é preciso deixar a colheita avançar mais para se ter maior clareza quanto aos índices de produtividade, pois sabemos que no Mato Grosso, por exemplo, há casos de perdas significativas de lavouras por excesso de chuvas. Em Goiás, ainda não temos notícias de frustração de colheita, mas há claramente casos de perda de qualidade do produto, com o aumento de grãos ardidos”, diz. De qualquer forma, para o analista de mercado da Faeg, a soja deve permanecer com a cotação atual, ao redor dos R$ 45,00 a saca, ou na pior das hipóteses, cair R$ 1,00 ou R$ 2,00 no pico da colheita. Quanto ao milho, que já esteve a R$ 25,00 a saca e hoje é cotado a R$ 20,00, em média, ele acha que já encontrou o ponto de equilíbrio e não deve sofrer mais grandes oscilações a curto prazo. Até porque, argumenta, não há estoques mundiais significativos do produto e a União Européia deve reabrir as importações do grão a partir de setembro. “Como o bloco não aceita milho transgênico, só o Brasil terá suporte de produção para suprir essa demanda, o que pressionará os preços internos do produto”, explica Pedro Arantes. Quanto à soja, explica, os preços a médio e longo prazo vão depender, em grande parte, da intenção de plantio dos Estados Unidos, cuja primeira previsão deve sair em 30 dias. Ele diz que se houver um grande retorno da área de milho para a soja, devido aos elevados preços da oleaginosa no mercado internacional, os preços podem ser mais fortemente pressionados para baixo.