O preço do trigo na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, fechou a quarta-feira com o terceiro recorde consecutivo. Os contratos com primeiro vencimento atingiram a marca de US$ 12,80 o bushel - alta no dia de 6,7%. Um bushel equivale a 27 quilos. No Paraná, os agricultores que ainda tem trigo guardado aproveitaram a alta para fechar negócios. O produtor Richard Borg, de Ponta Grossa, Paraná, tem motivos para comemorar. Ele segurou toda a produção de trigo colhida em novembro do ano passado: 600 toneladas. Esperou o preço melhorar e agora vai poder vender a saca por 24% a mais do que o preço na época da colheita. “Na época que eu colhi meu trigo, o preço do milho estava mais caro do que o trigo para janeiro, e eu achava isso de certa forma estranho por que como que um produto de ração animal poderia custar mais do que um para o consumo humano? Então eu resolvi segurar minha produção e aguardar porque com o milho valorizado fatalmente o trigo teria de puxar o preço”, comenta. Apenas 10% do trigo colhido no fim do ano passado na região ainda estão armazenados. Numa cooperativa, dos 300 cooperados apenas três conseguiram esperar para vender o trigo por um preço melhor. A saca, que em novembro era vendida por R$ 34,00, agora sai por R$ 42,00. Resultado do aumento do preço do trigo do mercado internacional. O aumento lá fora trouxe reflexos para o mercado interno. Segundo o consultor de mercado Gilmar de Oliveira, um dos motivos da alta está nos baixos estoques mundiais. “O trigo é um dos produtos agropecuários que tem uma alta anunciada porque há oito anos a gente vem consumindo mais do que produzindo. Quando isso acontece você encomenda o estoque. Essa alta veio e vai ficar algum tempo. A gente não vai conseguir repor esse estoque em apenas uma ou duas safras”, avalia. O preço do trigo na Bolsa de Chicago já subiu 37% do começo de fevereiro até agora.