Soja - Sementeiras de Mato Grosso lança campanha contra sementes forasteiras
Data:
03/03/2008
Mato Grosso tem apresentado crescimento significativo no plantio de sementes e pelo menos de 30% das variedades de soja cultivadas no Estado vêm de outors Estados e países. Como forma de valorizar o mercado mato-grossense, além de coibir problemas como aparecimento de doenças em lavouras, oriundos desse tipo de semente, a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) lançará no próximo dia 7 a campanha "Sementes forasteiras: produtor, não plante no escuro". O lançamento será às 19h, na sede da Aprosmat, em Rondonópolis, com a presença do governador Blairo Maggi. A entidade pretende esclarecer e conscientizar os produtores mato-grossenses sobre os benefícios de comercializar as sementes locais. O presidente da Aprosmat, Elton Hamer, afirmou, via assessoria, que é importante valorizar a produção local devido à alta tecnologia empregada e à confiabilidade da produção. Além disso, o alerta aos produtores também mostra que importando sementes de outras regiões, na maioria das vezes desconhecidas, há a importação de pragas. Um exemplo é a praga neomatóide cística, que atinge o solo e que surgiu da importação de sementes no ano de 1996. Outra doença oriunda deste tipo de semente é o Cancro da Haste, que dizimou quase toda produção de Mato Grosso anos atrás. Esta facilidade na disseminação de doenças está na alta temperatura e umidade na época do plantio que compreende os meses de setembro e abril. A coordenadora técnica da Aprosmat, Maria de Fátima Zorato, afirma que praticamente todos os problemas existentes em lavouras do Estado vieram junto com as sementes de origem duvidosa. "A semente é um veículo de tecnologia, porém, ela carrega o patógeno. Ela é o maior veículo de transmissão de doenças", afirmou a coordenadora. As chamadas Sementes Forasteiras podem conter estes patógenos os quais têm a capacidade de transmitir doenças. Em Mato Grosso existem áreas propícias para o desenvolvimento de patogenias. Para o pesquisador da Embrapa Soja de Londrina (PR), Ademir Henning, a ocorrência destas doenças pode gerar baixa produtividade e como conseqüência desestruturação do parque sementeiro e perda de competitividade externa. "De outro lado o produtor comprando sementes forasteiras pode adquirir produtos não adaptados à região. Um exemplo são as 'Maradonas' (sementes contrabandeadas da Argentina) que vinham misturadas com outras espécies e realmente não sabíamos o que vinha dentro das sacas. Há casos em que o produtor adquiriu grãos ao invés de sementes", revela Henning. Os royalties, hoje pagos a empresas de fora, ficariam no Estado com a compra do produto local e aplicados em pesquisas. O Estado importa hoje apenas cerca de 30% de sementes, no entanto, há uns cinco anos foi grande exportador e há expectativa para que isso deva voltar a acontecer. "Temos cultivares competitivas produzidas aqui, por diversas empresas, e acredito que basta valorizarmos nosso produto que vamos conseguir atender o Estado e exportar", avalia o presidente da Aprosmat, Elton Hamer.