Com a chegada da SAFRA de verão, os preços do trigo no mercado brasileiro estão começando a entrar em uma fase de acomodação. Isso ocorre porque as culturas de milho e soja começam a tomar conta do mercado doméstico e as negociações com o cereal diminuem. Os preços negociados nos dois primeiros meses de 2008 estão em média 20% superiores aos cotados no mesmo período do ano anterior. Segundo levantamento feito pela SAFRAS & Mercado, o preço médio do trigo na região Sul do Brasil saltou de R$ 466,65 para R$ 605,95 na comparação entre fevereiro de 2007 e 2008, um incremento de 23%. Os números mostram ainda que entre os meses de fevereiro e março do ano passado os valores ficaram praticamente idênticos, em R$ 466,45 e R$ 466,19, respectivamente. Isso ocorre justamente pela redução dos negócios nesse período. "No mercado doméstico o clima é de calmaria. Os moinhos estão bem abastecidos, pois além de comprarem a produção do mercado interno, os 4 milhões de toneladas adquiridos em novembro, na Argentina, já chegaram ao país", explica Élcio Bento, analista da SAFRAS & Mercado. Ele acrescentou ainda que a chegada de milho e soja ao mercado acaba diminuindo a oferta de trigo por parte dos produtores. Ontem, na Bolsa de Chicago (Cbot), os preços do trigo reverteram a queda do último pregão e fecharam com uma alta de 1,4%, em 1.102,50 centavos de dólar por bushel nos contrato com vencimento em maio. Para Bento, a alta pode ser reflexo da decisão do governo argentino prorrogar a liberação das licenças para o dia 8 de abril. "O mercado está tão sensível que qualquer notícia sobre uma possível falta do produto pode causar nervosismo", esclarece. Ele não acredita que a ampliação do prazo para conceder as licenças tenha o objetivo de favorecer a tendência altista dos preços. "O melhor momento para vender é agora. A partir de julho, a SAFRA do hemisfério norte deve chegar e ajudar a baixar as cotações". O governo argentino alegou na última sexta-feira, que a data da liberação das licenças foi adiada para conter a inflação no país. Antes disso, a previsão era de que as exportações fossem retomadas no dia 17 de março. O país possui em torno de 2 milhões de toneladas para exportação, e é o quarto maior exportador do mundo. Como medida preventiva, o governo brasileiro autorizou a compra de 1 milhão de toneladas em outros mercados.