Estiagem deixa os produtores desesperados, com prejuízos na lavoura e morte de gado devido à sede. A aridez das paisagens desespera os colonos que vivem em Vista Alegre, na Zona da Produção. Sol a pino sobre a cabeça, ontem, o agricultor Evaldo Deciam, 46 anos, contabilizava os prejuízos do que definiu como 'a pior seca de todos os tempos'. 'Meu pai está com 80 anos e jura nunca ter enfrentado nada semelhante. Plantei 70 hectares de soja para colher 2,5 mil sacas. Se conseguir encher 250 sacas será um milagre', comenta. As perdas também atingiram lavouras de milho e feijão, onde o prejuízo foi de 100%. 'Vou ficar cinco anos pagando dívidas.' Deciam também viu três vacas leiteiras sucumbirem de sede. 'A situação está ficando tão dramática no campo que dá vontade de abandonar tudo', salienta. Segundo o secretário municipal da Agricultura, Telmo José Chielli, esse é um dos muitos exemplos de desespero encontrados em localidades como Linha Deciam, Linha Piaia-De Césaro, Linha Dalasta, Linha Centenaro, São Paulo e São Judas. Diz que, desde 2005, esta foi a terceira grande estiagem registrada em Vista Alegre. O secretário revela que a prefeitura disponibiliza água para saciar a sede dos rebanhos, com emprego de caminhão-pipa. O prefeito Almar Zanatta contabiliza perdas de R$ 3,8 milhões decorrentes das quebras de produção de milho (90%), feijão (82%), soja (70%) e fumo (12%). 'Produzíamos 406 mil litros de leite por mês e, agora, 264 mil litros.' A Defesa Civil contabilizou ontem mais dois municípios em situação de emergência: Braga e Liberato Salzano, totalizando 54, dos quais 41 já foram inspecionados pela Casa Militar. Os secretários da Agricultura, João Carlos Machado, geral de Governo, Delson Martini, e da Habitação, Marco Alba, e o chefe da Casa Militar, coronel Edson Ferreira Alves, analisaram ontem a situação. Mostram dados hoje à governadora Yeda Crusius.