O preço do trigo subiu 4,8% ontem na Bolsa de Chicago (CBOT) e atingiu 1.282,50 centavos de dólar por bushel (contrato para maio). Na semana, a alta acumulada é de 10%. A commodity já havia subido consideravelmente na terça-feira devido ao relatório do Departamento de AGRICULTURA dos Estados Unidos (Usda), que apontava a redução nas estimativas dos estoques finais. Na Bolsa de Kansas, o contrato para maio do cereal subiu 5% e fechou cotado a 13,28 centavos de dólar por bushel. O crescimento do consumo mundial e o aumento das exportações são outros fatores que contribuem para essa alta. Soma-se a isso, a constante desvalorização que a moeda americana tem sofrido nos últimos meses, que favorece o poder de compra dos países emergentes - como China e Índia. E o resultado é um aumento significativo dos preços. Por isso, os contratos futuros da commodity não devem cair pelo menos até a entrada da SAFRA do Hemisfério Norte, que começa a ser colhida no final de maio. Para Élcio Bento, analista da SAFRAS & Mercado, as projeções de preços mais baixos dependem da SAFRA do Hemisfério Norte, pois "o mundo perdeu nos últimos quatro anos cerca de 51 milhões de toneladas dos estoques do trigo. Isso deixa o mercado apreensivo". Ele explica ainda que se as cotações do trigo fossem comparadas com o euro a elevação não seria tão intensa como é em dólar devido a força que a moeda européia possui. Mas afirma que esse é um dos principais fatores que potencializam a alta. Já o mercado da soja teve ontem uma queda de 0,8% na Bolsa Chicago, fechando em 1.395,00 centavos de dólar por bushel nos contratos para maio. Para especialistas, os fundamentos de baixa oferta e alta demanda não possuem mais peso relativo nesse mercado, onde as questões técnicas referentes à especulação tem maior influência. Fernando Pimentel, diretor da Agrosecurity, explica que a exemplo da semana passada, os preços estão muito voláteis, e alerta que "o mercado de commodities não está isolado da crise. Um movimento brusco em outros segmentos da economia pode provocar uma significativa correção nos preços. Os especuladores estão ganhando dinheiro fácil", afirma Pimentel. Já David Gonçalves, analista de risco da FCStone, explica que a realização de lucros dos fundos de investimentos provocaram a queda dos preços. "Desde ontem (terça-feira) já havia boato no mercado que haviam contratos para serem liquidados".