A forte especulação que atingiu o mercado internacional de commodities nos últimos dias derrubou os preços físicos do café em 9,5%. Ontem, a queda do petróleo e dos metais provocou o forte recuo também nos grãos, como o trigo, que atingiu limite de baixa e caiu 7,9%. Depois da queda de segunda-feira, o café teve leve recuperação de 1% na Bolsa de Nova York (Nybot). Com a baixa liquidez do café, o mercado doméstico travou e os vendedores sumiram desde o início desta semana. O indicador de preço médio ponderado do café arábica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Usp) apontou ontem o valor de R$ 255,61 para a saca de 60 quilos, ante os R$ 282,35 pagos no último dia 13. Em um comparativo com o mesmo mês de 2007, os números mostram que a saca está mais valorizada agora. Mas Reginaldo Rezende, analista de risco da FCStone, alerta que os números são semelhantes em virtude da desvalorização do dólar, que afeta diretamente a remuneração do produtor. Em março de 2007, com o dólar a R$ 2,09, o produtor recebia em média R$ 245,00 pela saca de 60 kg do café arábica. Atualmente, com o dólar a R$ 1,70, os preços são de R$ 255,00. "Isso faz o produtor praticamente desaparecer", disse Rezende. Ele lembra que há quinze dias, o valor negociado ficava em torno de R$ 300.Daiana Braga, analista do Cepea, explica que os mesmos movimentos especulativos que valorizaram o café são os responsáveis por essa forte queda. "Assim fica difícil o cafeicultor estabilizar os preços. Não existem mais fundamentos que possam dizer se é momentâneo ou uma tendência", analisa. Embora os fundamentos de oferta e demanda sejam positivos, os movimentos das últimas três semanas estão mais relacionados a fatores econômicos. Guilherme Braga, diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafe), explica que "a recessão norte-americana deve gerar uma retração nas exportações".