Os produtores rurais argentinos anunciaram, nesta quarta-feira (19-03) que continuarão em greve na próxima semana em protesto contra a elevação das tarifas de exportação, o que deixa ainda mais tensa a relação com o governo e poderia causar um desabastecimento de alimentos. O protesto, que consiste na suspensão da venda de grãos e carnes e manifestações nas estradas, começou na última quinta-feira(13-03), depois de o governo anunciar fortes aumentos nas taxas de exportação de soja, girassol, derivados e biodiesel. Os produtores, em muitos casos a bordo de seus tratores, bloquearam nos últimos dias diversas estradas do país, e hoje atearam fogo em caminhonetes e máquinas agrícolas durante uma importante manifestação realizada no norte de Buenos Aires, uma das principais províncias agropecuárias. O governo assegurou que não vai negociar enquanto continuarem os protestos, mas os agricultores anunciaram que seguirão com a greve pelo menos até a próxima semana. "A única negociação possível é que se volte atrás com a determinação de 11 de março (quando foi anunciada a alta dos impostos). O caminho que segue é o da luta", disse Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina, uma das quatro associações que organizaram o protesto. Buzzi alertou que poderá faltar alimentos na próxima semana, mas responsabilizou o governo por um eventual desabastecimento. A Argentina é um dos maiores fornecedores mundiais de soja, milho, trigo, carne e produtos derivados. O mercado agrícola permanecia inativo hoje, enquanto que Rosario, o maior porto exportador de grãos do país, não registrou atividade nos últimos dias. "Não está claro até quando vai durar o protesto, mas sim, está decidido que se estenderá até a semana que vem", disse uma fonte da Sociedade Rural Argentina. Por outro lado, o chefe de gabinete do governo, Alberto Fernández, considerou que o protesto rural "é desmedido" já que, apesar da alta, os ganhos do setor agropecuário continuam sendo muito elevados graças aos altos preços internacionais.