Programada para ser colhida a partir do mês que vem, a segunda safra nordestina de feijão, estimada em 358 mil toneladas, deverá ser a principal balizadora dos preços do grão daqui para frente. A região é a que mais consome o produto no País e, caso a instabilidade do clima provoque uma quebra, a demanda pelo produto na região Sul poderia inflacionar novamente os preços. No entanto, em fevereiro, o grão já acumula uma queda de 5,1% no mercado atacadista em relação à dezembro do ano passado, quando era cotado a R$ 234,61 a saca de 60 quilos, segundo o Instituto de Ecomia Agrícola (IEA). Ontem, o índice de preços agropecuários das últimas quatro semanas divulgado pelo IEA apontava uma alta de 1,87%. Entretanto, os valores pagos revelam uma queda de 16,6% em relação ao último comparativo. Isso ocorreu devido ao auge da safra de Santa Catarina que já chegou ao mercado, e amenizou a alta provocada pela baixa oferta. Segundo o último levantamento da Companhia Nacional De Abastecimento(CONAB), a área plantada de feijão deste ano é de 3,9 milhões de hectares contra 4,08 milhões de hectares do ano passado, queda de 4,4%. "Trata-se da menor área plantada já registrada na história", explica João Figueiredo Ruas, analista da CONAB. Ele diz que o feijão tem perdido espaço constantemente para o milho devido aos ótimos preços negociados no mercado internacional, impulsionados pela política norte-americana de biocombustíveis - que utiliza o milho como principal matéria-prima. Além disso, Ruas explica que muitos produtores migraram para o plantio de cana-de-açúcar em algumas regiões do norte do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais e de Goiás. Esse fator foi determinante para a redução da área plantada. "Os produtores estavam desanimados recebendo R$ 60,00 em média pela saca de feijão no começo do ano passado, 33% a menos do que o mínimo exigido de R$ 90,00", explica Valdemar Ortega, analista da Bolsinha do Feijão, principal balizadora de preços do produto no País. Para ele, os preços podem voltar ao mesmo patamar de R$ 90,00 pagos no início do ano passado desde que o clima coopere. E diz que a grande responsável pelo aumento foi a seca que atingiu parte da região sul no final de 2007 e atrasou o plantio. Mas José Sidnei Gonçalves, analista do IEA, avisa que muitos produtores não conseguiram grandes lucros nesse período e afirma que os preços baixos no primeiro semestre do ano passado impactaram os preços além das políticas de biocombustíveis. "Quando tem preço não tem feijão. Quando tem feijão não tem preço explicou.