Vizinho é um dos maiores fornecedores de trigo do Brasil Entre os reflexos que os protestos contra os aumentos dos impostos de exportação (retenções) na Argentina podem ter no Brasil, um já atingiu a mesa do brasileiro: o pão francês está mais caro e deve subir ainda mais até o fim do mês. O preço médio do pão em São Paulo, que era de R$ 5,50 o quilo, pulou para R$ 7,95 em vários bairros. Ou seja, o custo de um pãozinho de 50 gramas passou de R$ 0,27 para R$ 0,40 em duas semanas. Isso ocorre porque a Argentina é um dos principais fornecedores de trigo para o Brasil. "Há dois meses, a saca de farinha de trigo custava R$ 48", diz o vice-presidente da Associação da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo, Manuel Alves Pereira. "Com o início dos protestos naquele país, a escassez do produto fez o preço da saca pular para R$ 80. Os panificadores são obrigados a repassar esse custo para o consumidor." Pereira diz que a informação recebida dos moinhos é de que, caso os protestos argentinos continuem, o preço manterá a tendência de alta. Ele vai além: o produto pode até faltar. "Caso seja preciso trazer o trigo do Canadá, o preço da saca deve superar os R$ 100 facilmente", diz Pereira. Várias panificadoras já informaram à associação que as vendas têm caído. "O aumento forte fez o consumidor economizar até no seu primeiro alimento do dia." MELHOR SITUAÇÃO O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, afirmou que, no setor de carne suína - e agronegócio em geral -, o Brasil está numa posição muito mais favorável que a Argentina, se forem levados em conta as retenções e o câmbio. "Na Argentina, o problema do câmbio agrícola é pior do que no Brasil, porque lá o produtor rural recebe 50% a menos por causa do imposto de exportação. Aqui, o câmbio é único para agricultura, indústria e serviços. Em agricultura, estamos cem vezes melhor do que a Argentina."