Falta de gado para abate e exportação de bovinos em pé dificultam situação de indústrias gaúchas A indústria frigorífica fechou 400 vagas, ontem, no Estado. O frigorífico Extremo Sul demitiu cerca de 150 funcionários e o Mercosul, outros 250, nas duas plantas localizadas em Capão do Leão. Os cortes devem-se à dificuldade em adquirir gado e à conseqüente ociosidade das fábricas. Segundo o diretor do Frigorífico Mercosul, Mauro Pilz, os abates serão suspensos e a unidade – que já teve 800 empregados no passado – servirá apenas como entreposto, restando 220 funcionários. 'Faremos reavaliação em seis meses', prevê. O diretor do Extremo Sul, José Knorr, informou que a planta está há 40 dias sem abater, por falta de escala, pois precisa de 300 animais/dia. 'Em fevereiro, trabalhamos 12 dias.' O problema, disse Knorr, agravou-se com o embarque, nesta semana, de 9 mil bovinos vivos para o Oriente Médio. Segundo ele, o volume equivale ao trabalho de um mês e meio da planta. 'Estamos exportando mão-de-obra, sebo, farinha de carne e dificultando a vida dos curtumes', afirmou. Na opinião do dirigente, deveria haver mais exigências para embarcar os animais vivos. 'Esse pessoal coloca o gado em um caminhão, atira em um navio e manda para o Líbano. Não há ganho para o setor, a não ser para quem vende.' Knorr informa que a falta de matéria-prima arrasta-se há um ano. O presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen, afirmou que a situação se agravou com a ociosidade ocasionada pelas restrições impostas pela União Européia (UE). 'Isso nos deixa muito preocupados. A tendência é que aconteça o mesmo em outros frigoríficos.' Para o coordenador da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, a questão é de preço. 'Quando tem falta de matéria-prima, sobe o preço. Só que ele não está aumentando. Por que não tentam exercitar a alta de preço para ver se não aparecerá gado?', arrisca.