Soja - Derivados da soja mantiveram alta de 0,45% do IPC-S em março
Data:
02/04/2008
Alimentos e transportes pressionaram índice A alta de 0,45% no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em março ficou acima do esperado e foi pressionada principalmente pelos grupos alimentação e transportes – este, influenciado pela alta dos combustíveis. A análise é do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, ao informar que apesar da surpresa, a coleta já indicava tendência de alta no índice, anunciada pelo grupo alimentação. – Os alimentos in natura voltaram a chamar a atenção, num movimento atípico nesta época do ano – disse. Mas não foram somente esses alimentos que pressionaram a inflação: o economista apontou aceleração, por causa do aumento no preço do trigo, em todos os itens derivados do cereal, como macarrão, biscoito, pão e a própria farinha. Da mesma forma, os derivados da soja, como o óleo, mantiveram a tendência de alta. – O óleo de soja vem subindo a taxas que oscilam entre 8% e 9% há três meses consecutivos, acumulando reajustes de mais de 25%. Então, ele também influenciou esse movimento de aceleração do grupo de alimentação – comentou André Braz, ao lembrar que houve alta mais generalizada no grupo alimentação, uma vez que alguns produtos são pressionados pelos preços das commodities (produtos agrícolas e minerais negociados no mercado internacional) – caso da soja e do trigo. Já os alimentos in natura teriam os preços elevados por uma questão de oferta, associada à variação climática. Segundo o economista, a proximidade do período de safra de alguns produtos agrícolas deve contribuir para que as tensões no mercado externo cedam um pouco, provocando um efeito menor sobre a inflação do que o observado no primestre trimestre: – Apesar de alimentação já ter contribuído com 45% da taxa de inflação que a gente acumula em 2008, de 1,43%, a expectativa é de que pressione um pouco menos daqui para a frente, com a chegada da safra. André Braz disse estimar que o grupo habitação, “pelo conjunto de reajustes já agendados em energia elétrica, em tarifas de água”, venha a ocupar uma posição de destaque no IPC-S, deixando alimentação em segundo plano. O aumento expressivo do índice (0,88%) registrado na capital gaúcha, explicou, foi influenciado especialmente pelos combustíveis – a gasolina, cuja variação foi de 5,24% somente em março, tem peso de 4,5% na cesta de consumo das famílias, perdendo apenas para aluguel residencial. No item alimentação, também em Porto Alegre houve alta de produtos como frutas (4%), citou Braz. O IPC-S é pesquisado com base em 456 itens incluídos nas pesquisas de preços da FGV para famílias que ganham de um a 33 salários mínimos. – Ele indica ao mercado a direção da inflação atual e serve para acompanhar as expectativas da inflação oficial no país – informou o economista.