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Café - Clima pode antecipar a colheita do café
Data: 04/04/2008
 
A safra do café arábica deste ano pode chegar ao mercado 20 dias antes do prazo previsto e derrubar ainda mais os preços no mercado físico. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), no mês de março, as cotações médias ponderadas fecharam em R$ 251,10 a saca (60 quilos) do tipo arábica, queda de 14,35% ante ao mês anterior. A maior cotação para o produto no ano ocorreu em fevereiro: R$ 294,32 a saca, o que para especialistas foi reflexo da safra brasileira abaixo do esperado pelo mercado e das especulações que atingiram a Bolsa de Nova York (Nybot).
Ontem, o indicador do Cepea/USP apontava R$ 256,32 a saca, com uma recuperação de 2,32% no mês. "Essa alta no físico é uma correção positiva da queda do mês passado. Abril é para consolidação dos preços", explica Gil Barabach, analista da Safras & Mercado. Ele avaliou ainda que a diminuição no intervalo da entressafra pode reduzir o prazo de recuperação e impactar diretamente os preços negociados, atingindo em cheio a rentabilidade do produtor.
Normalmente, o início da colheita é previsto para maio. Mas o clima chuvoso nos dois primeiros meses deste ano, nos principais estados produtores, favoreceu a maturação dos grãos que necessitam de umidade nesta fase de desenvolvimento. Com isso, o café arábica da nova safra já deve aparecer a partir da metade deste mês em algumas regiões produtoras. "Não é costume chover no começo do ano nessas regiões. Mas também não é um indicativo de que a produtividade deverá aumentar", avisa Daiana Braga, analista do Cepea/USP. Ela explica que com o aumento da oferta, o impacto natural é de que os preços caiam, amparados também pela proximidade da safra.
Luiz André Guerra, produtor da cidade de Machado, no Sul de Minas Gerais, confirma a antecipação da colheita e diz que nas propriedades da região já é possível encontrar os frutos em fase final de maturação. "Acredito que a safra vai chegar uns 20 ou 30 dias antes do previsto". Ele revela que conseguiu vender sua produção por R$ 280 a saca, mas atualmente os produtores não conseguem mais de R$ 230 pela saca na região. "Acredito que agora vai ficar na casa dos R$ 200 a saca".
Mesmo com este cenário negativo, Barabach não espera que os preços caiam bruscamente devido ao descolamento do mercado interno em relação ao externo. Segundo ele, como o consumo no País aumentou, há um aperto da oferta interna, que pode forçar uma valorização. "Atualmente, o Brasil é o segundo maior mercado consumidor do mundo".
Ontem, os contratos para maio fecharam em 131,30 centavos de dólar a libra-peso na Nybot, alta de 2,5%. Em Londres, os contratos para julho ficaram em US$ 2.256 a tonelada, alta de 1,1%.

Fonte: Gazeta Mercantil
 
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