A estiagem no oeste catarinense, que já levou 25 municípios a decretar situação de emergência, ainda poderá demorar a ser revertida. Apesar da previsão de chuva neste fim de semana, ela não deverá ser em quantidade suficiente para reverter o quadro. O Sindicato das Indústrias de Carnes de Santa Catarina (Sindicarnes-SC) informou que as agroindústrias recorrem à captação de água de lugares distantes, transportando-a até as unidades em caminhões-pipa. Já há casos de redução de produção. "Todos estão preocupados. É a primeira vez que é preciso utilizar caminhão-pipa em Chapecó. Tivemos situação desse tipo só em Concórdia", diz Ricardo Gouvêa, diretor do Sindicarnes. "Uma redução de abate já está ocorrendo". A Sadia, que possui uma unidade de aves em Chapecó, paralisou as atividades de dois turnos na sexta-feira. Segundo Gouvêa, se a situação não melhorar, ela e outras indústrias da região poderão ter que tomar a mesma medida novamente. A Sadia confirmou que a operação da unidade "tem sido afetada" pela seca. Reiterou que "o impacto na produção ainda é irrelevante, levando em conta a produção mensal total da empresa". Os comentários no mercado são de que a Sadia já reduziu o abate em Chapecó em 35%. Estaria usando 40 caminhões-pipa/dia para captar água no Rio Uruguai, a 40 quilômetros da unidade. Antes, captava na barragem Lajeado São José, a principal do município. O secretário de agricultura de Chapecó, Mauro Zandavalli, diz que a Diplomata, que possui unidade em Xaxim, também reduziu o abate. A empresa não se pronunciou. Além das indústrias, outra preocupação é com a plantação da pastagem de inverno, que poderá ter impacto na produção de leite. Em 2004, 2005 e 2006, a região oeste também viveu fortes estiagens. Dados da Epagri-Ciram mostram que, em Chapecó, a chuva acumulada em abril responde por 6% do total da média histórica, de 162 milímetros de chuva/mês.