Nossa reportagem trata de uma praga do feijão que vem atormentando a dona Maria Geralda Silva Torres, de Pedro Leopoldo, Minas. Ela conta na carta que já tentou várias alternativas contra os bichinhos que aparecem no armazenamento, mas "todas em vão". O repórter César Dassie foi até Goiás atrás de maneiras caseiras pra senhora deixar de se aborrecer. O doutor Romeu Pereira Santos, agrônomo da Embrapa, afirma que feijão armazenado pode dar bastante bicho. “Principalmente caruncho, dona Maria. A senhora pode observar que estes bichinhos comem tudo que tem dentro do feijão. O ovo é colocado externamente e depois a larva migra pra dentro do grão fazendo umas galerias, se alimentando do feijão e deixa o feijão oco. Aí não serve mais pra nada, nem pra comer, nem pra plantar”, diz o agrônomo. “A primeira coisa é observar se não existe infestação de caruncho. Se isso ocorrer tem que haver uma separação. Não adianta guardar se o caruncho está lá”, diz ele. Outra recomendação, dona Maria, é saber a umidade dos grãos. Isso por que se ela estiver muito alta, o feijão pode ser atacado por fungos. “Ela pode fazer o teste pegando o grão de feijão e fazendo com a unha com força. Se marcar, se afundar, o feijão precisa ir para um secador até atingir 12%, 13%que seria a umidade ideal para guardar. Ele estando seco, quando a senhora passar a unha e forçar ele não vai modificar em nada. Ele fica do mesmo jeitinho. Este teste nós batizamos de unhômetro”, diz ele. “O próximo passo é recorrermos a alternativas de proteção deste feijão”, diz o agrônomo. Essas alternativas, dona Maria, não vão deixar o ovo do caruncho se fixar na casca do feijão e, daí, a larva vai ter dificuldade de penetrar no grão. “Após a bateção do feijão, em vez de abanar, nós podemos guardar o feijão com restos de vagem, de talo, misturado junto com o feijão. A natureza é muito perfeita. Quando o feijão está no campo, com a vagem, existe um mecanismo de proteção. Este mecanismo nós preservamos quando guardamos junto”, diz ele. Uma outra alternativa, se ela quiser guardar já limpo, já abanado, é usar a cinza de fogão na proporção de 5% mais ou menos. Para 10 quilos de feijão, meio quilo de cinza é o suficiente para permear bem o grão”, explica o agrônomo Romeu Pereira Santos. “Ela pega uma garrafa Pet, de refrigerante que tem que estar limpa e seca, e despeja dentro. Aí tem que tampar, vedar bem vedado para não entrar ar nenhum na garrafa”, explica José Itamar dos Santos, assistente de operação da Embrapa. Tem mais uma alternativa. Nós também podemos usar o óleo vegetal de soja, milho, e a banha de porco que é o toucinho retalhado frito, que lá em Minas nós chamamos de toicinho. Nós podemos trabalhar também com 5% na mistura. Para cada 10 quilos de feijão, meio quilo de banha. Nós podemos utilizar latas, vidros, vasilhames que permitam que o feijão fique bem vedado com relação ao ambiente”, continua o agrônomo. Então, dona Maria, abra os frascos o mínimo possível. Uma dica é que a senhora armazene os grãos em porções pequenas, que possam servir sua família por, por exemplo, uma semana. “Eu gostaria de perguntar para dona Maria Geralda se ela sabe que em casa que tem muita festa não tem caruncho de feijão, porque tendo muita festa não sobra feijão, não tendo feijão, não tem o caruncho”, diz o agrônomo. Dona Maria Geralda, o doutor Romeu fez questão de mostrar para a senhora alternativas voltadas para os pequenos agricultores, que conservam o feijão para o próprio consumo. Para quantidades comerciais, existe um gás tóxico chamado fosfina que controla o aparecimento do caruncho, mas, para usá-lo, é preciso consultar um técnico.
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Nossa reportagem trata de uma praga do feijão que vem atormentando a dona Maria Geralda Silva Torres, de Pedro Leopoldo, Minas. 