Boi Gordo - Rio Grande do Sul importa gado para abate
Data:
14/04/2008
O Rio Grande do Sul importou 28.377 bovinos do Uruguai em 2007, de acordo com dados do Ministério da Agricultura (Mapa). Somente em janeiro e fevereiro, ingressaram 10.810 animais no Estado. Apesar de a maior parcela corresponder a exemplares voltados à produção leiteira, parte foi trazida para abastecer frigoríficos. Com isso, os produtores questionam a legitimidade da reivindicação das indústrias de taxar as exportações de gado em pé. "A importação é livre e foi exercitada. Não houve reclamações por parte do produtor. Tem que haver paridade", alega o coordenador da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, referindo-se ao pedido feito pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) ao Ministério da Fazenda para taxar os embarques de animais vivos. Na justificativa da associação consta que as indústrias pagam Funrural, PIS, Cofins e ICMS para adquirir a matéria-prima, enquanto os estrangeiros que vêm comprar aqui são isentos. No entanto, Simm rebate que o Funrural é descontado do produtor, cabendo à indústria somente o repasse aos cofres públicos. O dirigente acrescenta que os criadores cadastrados como pessoa jurídica também pagam PIS e Cofins. A conclusão a que chega é que a estratégia dos frigoríficos é fazer reserva de mercado. "Além de importar animais, a indústria apoiou a entrada de carne com osso de outros estados. Isso não foi bom para o produtor. Quando se tem um mecanismo de defesa do criador, querem inviabilizar isso." O presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados (Sicadergs) e diretor da Abrafrigo, Ronei Lauxen, confirma que dois frigoríficos gaúchos importaram recentemente animais para abate, mas descarta que a medida seja implantada sistematicamente. Segundo ele, a compra de exemplares no Uruguai foi necessária devido à falta de matéria-prima no Rio Grande do Sul. Lauxen rejeita a hipótese de os frigoríficos se abastecerem no país vizinho em busca de preços melhores. "Isso só aconteceu porque o preço permitia, mas o motivador foi a falta de animais aqui." Para ele, a exportação prejudica os criadores, que têm dificuldades em repovoar os campos.