Produtores de vários municípios goianos que têm soja depositada nos diversos armazéns da Sementes Selecta espalhados pelo Estado estão recolhendo o produto desde a última sexta-feira. A medida teria sido autorizada pela própria empresa, que estaria com problemas de liquidez (falta de capacidade para gerar recursos que podem ser rapidamente transformados em dinheiro), o que provocou uma corrida aos armazéns de Vianópolis, Jataí, Goiatuba, Mineiros e Bom Jesus de Goiás. Ontem, em algumas cidades, havia até filas de caminhões para retirar a soja armazenada. Procurada pela reportagem, a empresa não se manifestou sobre a questão, mas fontes do mercado de grãos informaram que a Selecta teria sofrido significativas perdas numa operação de compra e venda de soja, realizada na Bolsa de Chicago. Apesar disso, conforme entidades do setor, a empresa está honrando todos os contratos de compra de soja com os produtores. Isso tranqüilizou o mercado, bem como o fato de a própria empresa ter liberado a retirada do produto, uma vez que não teria condições de adquirí-lo. Em Vianópolis, informa o presidente do Sindicato Rural, Maurício Fernandes, a retirada do produto do armazém da Selecta, com capacidade para 250 mil sacas, está em ritmo acelerado. Informações oficiais A Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) não quis se pronunciar sobre o caso, pois ainda aguarda informações oficiais solicitadas da própria empresa de sementes. Conforme o presidente do Sindicato Rural de Jataí, Mozart Carvalho de Assis, a empresa está cumprindo os contratos e pagando os produtores corretamente. Mas os agricultores que têm o produto armazenado para venda futura estão sendo autorizados a retirar seus grãos, pois a empresa não estaria mais comprando essa soja. “Ainda não sabemos se eles honrarão os contratos pré-fixados. A única opção é esperar as datas dos vencimentos dos contratos”, diz. O presidente do Sindicato Rural de Bom Jesus, Vilmar Rocha, ressalta que o produtor só está retirando o que lhe pertence dos armazéns da Selecta. Para o presidente da Comigo, Antônio Chavaglia, a empresa está sendo muito coerente ao autorizar a retirada. “A Selecta é uma empresa grande e sempre foi idonea”, frisa o presidente do Centro Tecnológico de Pesquisa Agropecuária, João Lenini. A empresa tua na industrialização de soja integral e exporta para a Ásia e Europa.