Estado registrou mais de mil casos da doença; no restante do País, incidência caiu. A ferrugem asiática já fez 1.038 focos nas lavouras de soja do Paraná. O número é 56% superior ao registrado em toda a safra passada, quando foram detectados 662 casos. Em todo o País aconteceu o contrário: houve uma queda nos registros de 2.778 (2007) para 2.101 (2008). Apesar do aumento da incidência da doença no Paraná, a Embrapa Soja acredita que produtores e técnicos estão mais atentos quanto ao monitoramento da doença, o que pode não estar ocorrendo em outros Estados, onde o número de casos pode estar subnotificado. Além disso, o órgão não acredita em perdas significativas nas lavouras paranaenses. A umidade é o fator mais limitante para a incidência da doença, condição climática bastante favorável no início do ano. O fungo é disseminado pelo vento. Aqui no Paraná temos uma situação única, onde há atuação forte do pessoal da Emater e de técnicos ligados às cooperativas. É uma cobertura melhor do que a feita na maioria dos outros Estados e isso pode explicar o aumento dos casos, avalia Claudine Seixas, pesquisadora da Embrapa Soja. Segundo ela, o Consórcio Antiferrugem (parceria público privada para monitoramento da doença) irá divulgar as perdas totais provocadas pela doença somente depois do encerramento da safra, entre final de maio e início de junho. O produtor rural Samuel Faustino Romero Sanches Júnior cultiva soja em uma propriedade de 50 alqueires em Jataizinho (21 km a leste de Londrina). Nesta safra, não foi detectado foco de ferrugem mas, mesmo assim, ele fez duas aplicações preventivas de defensivos na lavoura: a primeira durante a formação dos grãos e, a segunda, durante o enchimento dos grãos. A experiência veio da safra anterior, quando foi registrado um caso. Conseguimos detectar a doença logo no começo e fiz duas aplicações: uma preventiva e outra, curativa, comenta. O socorro a tempo impediu o alastramento da ferrugem provocasse perdas na produtividade. Preparado para lidar com a ferrugem, o produtor tem até um equipamento (uma lupa com luz) que auxilia na identificação da doença. Apenas a observação da folha contra o sol deixa o agricultor muito vulnerável, avalia Sanches. Agora, além da identificação da doença, os sojicultores devem estar preparados também para lidar com o vazio sanitário, que vai vigorar pela primeira vez no Paraná de 15 de junho a 15 de setembro. Isso significa que durante estes 90 dias, não pode haver qualquer planta viva de soja no campo. O produtor terá que reduzir as perdas na colheita e aquelas plantas que sobrarem terão que ser eliminadas ou mecanicamente ou através de herbicidas, explica Claudine Seixas. Segundo ela, o ideal é que no período o agricultor cultive alguma cultura de inverno ou plantas de cobertura. A fiscalização ficará a cargo de técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. O vazio vai impedir a chamada ponte verde, ou seja, que se cultive soja o ano todo. Sem o hospedeiro preferencial do fungo (da ferrugem), a doença não deverá ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, quando as perdas podem ser maiores, avalia. Além disso, a incidência da ferrugem nesta fase aumenta o número de aplicações de defensivos aumentando, consequentemente, o custo de produção.