O anúncio do governo argentino de que a liberação das exportações de trigo foi adiada para maio trouxe apreensão à indústria gaúcha. O presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Rio Grande do Sul, Claudio Luiz Furlan, acredita que haja condições de segurar o mercado até lá, mas o setor começa a se preocupar. 'Temos matéria-prima para garantir o abastecimento do mercado até o final de maio, mas importação não se faz do dia para a noite. E, se o governo argentino resolver prorrogar novamente a suspensão, podemos enfrentar dificuldades', relatou. Segundo ele, algumas indústrias do centro do país já estão apelando para a importação dos EUA. A insegurança em relação à Argentina, diz ele, poderá tornar os custos maiores e, conseqüentemente, as empresas repassarão o prejuízo para o preço dos produtos. Os panificadores também se mostram preocupados. Segundo o presidente do sindicato da categoria, Arildo Benech Oliveira, a concorrência entre os moinhos praticamente não existe mais e a oferta do produto está menor. 'Não há falta total, mas o preço dobrou nos últimos seis meses', relatou. O saco de 25 quilos de farinha, que custava entre R$ 20,00 e R$ 22,00, está em R$ 48,00. Oliveira prevê necessidade de reajuste dos preços do pão ao consumidor no início de maio. Conforme a Abima, o preço do pão francês ao consumidor deverá ficar 12% mais caro. Massas, biscoitos terão reajuste de 15%.