Se o clima foi favorável à safra de verão - com algumas exceções - pode não ser tão bom assim para culturas cuja colheita é mais tardia, como o milho safrinha, o algodão e as de inverno, como o trigo. Segundo meteorologistas, o fenômeno La Niña persiste pelo menos até novembro, reduzindo a incidência de chuvas no Sul do País - o que pode prejudicar, sobretudo, o desenvolvimento da lavoura do trigo no Paraná. O plantio da temporada 2008/09 também poderá ser afetado - mais uma vez no Sul do Brasil, onde o déficit hídrico corre o risco de não ser recomposto. Pelas estimativas do governo, a colheita da safrinha de milho pode ser recorde - se não houver adversidade climática - chegando a 17,44 milhões de toneladas, enquanto a de algodão chegará a 1,55 milhão de toneladas de pluma. A COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) ainda não fez levantamento para o trigo. "O Paraná começa a plantar agora trigo, com boa umidade, mas a pouca chuva pode prejudicar o desenvolvimento", afirma André Madeira, meterologista da ClimaTempo. Aliado à redução das chuvas, o estado pode ter geadas no final de abril e no fim de maio. Pelas projeções da empresa, as chuvas diminuem no estado a partir de maio e tendem a ficar abaixo da média em junho (20% menos) e em julho (10% inferiores). Segundo ele, no Rio Grande do Sul a cultura, "aparentemente" não terá problema porque a umidade ficará próximo à média.O prognóstico do Instituto Nacional de Meterologia (Inmet) para o Sul é de chuvas um pouco abaixo da média. "Isso não quer dizer que não vá ocorrer alguns dias de chuvas intensas e, ao mesmo tempo, alguns veranicos. Mas, de um modo geral, a distribuição espacial não será homogênea", afirma Mozar de Araújo Salvador, meterologista do Inmet. Nas demais regiões produtoras de milho safrinha e algodão, os meteorologistas não acreditam que o clima possa vir a prejudicar a safra - pelo menos até julho. De acordo com a ClimaTempo, em Mato Grosso do Sul e em São Paulo, áreas de safrinha de milho, a chuva também diminui, mas compatível com o estágio de desenvolvimento da cultura. Em Mato Grosso, maior produtor nacional da segunda safra do grão, apenas o Norte pode ter precipitação abaixo da média, portanto, sem risco para o algodão e a safrinha de milho. A empresa também não vê riscos para o algodão na Bahia, onde o padrão climático será normal para a época - assim como em Goiás. Os prognósticos do Inmet para o Centro-Oeste e Nordeste são de precipitações dentro dos padrões para a época - com exceção do Litoral Leste e Norte do Nordeste, onde as chuvas podem ficar acima da média. O instituto projeta também normalidade para a região Sudeste, com exceção para o Sul de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, onde o padrão deve ficar próximo ao do Sul do Brasil, ou seja, com precipitações abaixo da média.