Estoques do governo devem ser desovados no mercado interno para conter alta no preço do grão. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou, ontem. a suspensão temporária da exportação de arroz dos estoques do governo federal. A medida tem por objetivo garantir o abastecimento interno e conter a alta dos preços no mercado doméstico. Hoje, em reunião com orizicultores e com a Conab, o ministro pretende convencer o setor privado a aderir à retenção do grão. Para isso, pode, inclusive, sugerir a taxação dos embarques por meio do imposto de exportação, como é feito com o couro. 'Para a segurança do abastecimento nos próximos seis a oito meses, período da entressafra, as exportações foram suspensas', disse Stephanes. O Brasil havia recebido a solicitação de países africanos e sul-americanos para a venda de 500 mil toneladas de arroz. Conforme o ministro, os maiores exportadores mundiais paralisaram as vendas internacionais, o que ocasionou desequilíbrio na oferta. O governo deve definir, hoje, o volume de arroz dos estoques que irá a leilão no mercado interno. A Conab possui 1,4 milhão de toneladas de arroz. 'Vamos programar um leilão para ver se o mercado volta a normalidade', afirmou o diretor de Comercialização e Abastecimento, José Maria dos Anjos. O presidente da Conab, Wagner Rossi, disse que a intenção não é derrubar a cotação, que, ontem, fechou em R$ 32,06 a saca. O anúncio causou alvoroço entre os orizicultores, que estiveram reunidos no final da tarde para definir a posição da cadeia para o encontro de hoje. O presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, Francisco Schardong, informou que 60% da lavoura está colhida e 20%, comercializada. Segundo ele, não há falta de produto, o que não justificaria a desova dos estoques no mercado interno. O analista de mercado do Irga Camilo Oliveira considerou um erro do governo. 'As exportações não são em grandes volumes, não determinam a elevação e a redução do preço no mercado interno.' O preço é o principal assunto do Congresso do Arroz nas Américas, que começou ontem e termina hoje em Porto Alegre. O evento foi aberto pelo presidente do Irga, Maurício Fischer, e reúne 30 países.