Impulsionado pela crise mundial do arroz, saiu no final da tarde de ontem o primeiro contêiner com arroz para exportação da Coopersulca, de Turvo. O destino, neste primeiro momento, será Israel. A informação é do gestor de comunicação da Coopersulca, Fernando Bendo. Hoje mais três contêineres seguem do Vale do Araranguá com destino ao Oriente Médio, totalizando assim o escoamento de 125 toneladas do produto. Conforme Bendo, esta é a primeira vez que uma indústria da região exporta o grão. "A cooperativa estava trabalhando neste projeto há pelo menos quatro anos. Há todo um processo de habilitação para isso. Já estamos estudando a possibilidade de exportar para outros países", revela Bendo. Ontem, surgiu a informação de que as exportações do grão estocado pelo governo seriam suspensas. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, decidiu convocar uma reunião com os empresários para restringir as exportações também no setor privado, uma vez que a produção nacional e os estoques re- guladores podem ser insuficientes para atender à demanda do mercado interno. O encontro ocorre hoje no ministério. Por ser um contrato firmado com antecedência com Israel, Bendo acredita que não haverá problemas para a cooperativa. “Eles até poderiam evitar o fechamento de futuros contratos, mas e os que já foram realizados, quem faria o ressarcimento das perdas?”, questiona. Conversa com países africanos Além do Oriente Médio, segundo ele, não está descartada a possibilidade de negociação com países africanos. "Precisamos nos habituar com o mercado para fazermos outros contratos", ressalta. O produto do mercado externo é o arroz parboilizado tipo 1, que conforme Bendo, sofre o mesmo processo de industrialização dos demais, contudo é bem consumido no Oriente. Esta fatia de mercado se abriu depois da queda na produção do arroz norte-americano, que fornecia o produto para Israel, enquanto o Brasil tinha 1,5 toneladas do grão no estoque regular. Com uma capacidade para o processamento de 250 mil fardos de arroz por mês, sendo que destes 200 mil são direcionados ao mercado interno, a intenção da Coopersulca é ampliar a produção. "Isso pode acontecer a qualquer momento se houver mercado", sublinha Bendo. Para ele, este é o momento correto para as exportações, já que num intervalo de um ano, o grão, no mercado externo, saltou de US$ 350 para US$ 850, em média, a tonelada. "Temos boas expectativas, as commodites estão em ascensão e o mercado interno acompanha isso", avalia. Atualmente, a saca de 45 quilos (medida dos EUA) é negociada a US$ 22,73 para maio. Em reais, o valor chega a R$ 42,65. De acordo com agências internacionais, as Filipinas estão empenhadas na importação de arroz para controlar os preços internos. Especula-se que a compra chegaria a 500 mil toneladas, o que fez o preço internacional disparar novamente.