Trigo - Governo anuncia que Brasil produzirá mais trigo para não depender da Argentina
Data:
28/04/2008
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou hoje que o país produzirá mais trigo para deixar de depender das importações da Argentina, que suspendeu as vendas externas do cereal, uma matéria-prima importante para produtos da cesta básica do Brasil, como o pão. "Plantaremos mais trigo para não depender tanto da Argentina", afirmou Lula, durante o lançamento de obras orçadas em R$ 216,7 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Campinas (SP). Na quinta-feira, a Associação Brasileira das Indústrias do Trigo (Abitrigo) anunciou que vai pedir ao Governo a suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% para a importação de mais de três milhões de toneladas do cereal que seria comprado aos Estados Unidos e Canadá. O pedido vem após a recusa, por parte da Argentina, de reativar as exportações de trigo para o Brasil e evitar o encarecimento de produtos como o pão. O trigo argentino chega com tarifas mais baratas de importação porque este país faz parte do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que também tem como membros: Brasil, Uruguai e Paraguai. O Brasil importa cerca de sete milhões de toneladas de trigo, equivalentes a 70% da demanda interna, enquanto a Argentina produz 15 milhões de toneladas do cereal e consome apenas cinco milhões delas, sendo o maior exportador mundial deste cereal. Na quarta-feira, representantes do setor e delegados de ambos os Governos estiveram reunidos, sem sucesso, em Buenos Aires, para tentar reativar, a partir de maio, as exportações argentinas de trigo, suspensas desde o ano passado para evitar uma pressão inflacionária no mercado interno argentino. Uma nova reunião, sem participação de representantes do Governo, foi programada para a primeira quinzena de maio no Brasil. Em Campinas, Lula aludiu à crise de escassez dos alimentos e manifestou que "há mais pobres comendo, graças a Deus". "Há mais chineses, indianos, africanos e brasileiros comendo e a produção não cresceu como a demanda", argumentou. "Este país, que um dia foi tratado como insignificante, é hoje o maior exportador de carne, de soja, de café e de suco de laranja do mundo. O Brasil é um gigante que despertou para que o mundo o respeite", acrescentou. Segundo Lula, quando o Brasil começa a ter sucesso no exterior, inicia-se campanha contrária como: o zebu (espécie de gado) brasileiro não é gado, ou o etanol encarece o preço do alimento - o que, de acordo com o presidente, são mentiras sem argumentos. "A alta nos preços dos alimentos é passageira. Não deve ser vista como uma coisa perigosa. Queremos provar que é possível produzir álcool e biocombustível e produzir alimentos para encher nossa barriga e a de muita gente", afirmou. "Seria ignorância deixar nosso tanque vazio para encher o tanque dos automóveis", concluiu Lula.