O incentivo ao seguro rural do trigo, que faz parte do Plano Nacional para a ampliação de 25% do plantio deste cereal em 2008/09, não deve atrair boa parte dos produtores do Paraná - maior produtor nacional. Na avaliação da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), o alto custo da apólice e a subvenção pequena deixam o seguro sem atração. Isso porque 85% das propriedades do estado são de pequeno e médio porte, variando entre 70 e 100 hectares. Por isso, segundo o economista da Faep, Pedro Loyola, os produtores devem continuar usando apenas o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que possui uma cobertura de até R$ 150 mil e que, neste ano, via indenizar aqueles que tiverem problemas com seca nas lavouras. O custo do Proagro é de 2%. "O produtor não utiliza toda a área da propriedade para o cultivo do trigo. Por ser uma cultura de rotação, parte do plantio também é destinado à aveia e cevada", diz Loyola, exemplificando que as fazendas na região são de pequeno porte. Ele disse que o custo do seguro extra Proagro ainda está muito alto - varia de 2% a quase 7%. O economista acredita que as contratações só crescerão se o governo aumentar o subsídio ao prêmio de 60% para 70%. Argumenta ainda que a elevação do custeio de R$ 300 mil para R$ 400 mil não representa a realidade da maioria dos triticultores. "Pouquíssimos produtores do estado buscam empréstimos nesses patamares". Para ele, o seguro é mais relevante para as culturas de verão. José Carlos Vaz, diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, explica que a melhoria nos preços das apólices normalmente demanda um certo tempo, o que é natural por se tratar de um novo ramo de atuação das seguradoras brasileiras. O banco começou a oferecer o seguro rural para o trigo na última semana por meio da Aliança do Brasil. Vaz acredita que a contratação da apólice com o financiamento pode fazer com que a importância segurada aumente em 50% - em 2007, o valor segurado pela Aliança do Brasil foi de R$ 400 milhões. De acordo com o diretor de Agronegócios do BB, este crescimento se dará porque, se o produtor optar pelo seguro no ato do empréstimo, o valor individual de custeio pode subir 15%. O patrimônio segurado pelo banco pode ser de até R$ 1,2 milhão por produtor. O prêmio, que pode ser subsidiado em 60% pelo governo federal, é de 2% sobre o orçamento total se a cultura for irrigada. Para as regiões que correm risco de seca e geada, a taxa é de 3,78% e nos municípios onde o risco é agravado pelo histórico de perdas, chega a 6,72%. Segundo Welington Soares de Almeida, diretor do Departamento de Gestão do Risco Rural (Deger) do Ministério da Agricultura, a expectativa é que sejam consumidos R$ 30 milhões em subsídios neste primeiro semestre.