Sorgo - Consumo humano pode incentivar produção de sorgo no Brasil
Data:
28/04/2008
O uso na alimentação humana é uma boa alternativa para impulsionar a produção de sorgo no Brasil. Pesquisa feita pela Embrapa Milho e Sorgo, com sede em Minas Gerais, mostra que, apesar da preferência pelo uso na alimentação animal, o cereal pode também ser aproveitado em larga escala no cardápio do brasileiro. O trabalho é feito com diversas variedades. Depois de avaliada a capacidade nutricional, os pesquisadores realizam estudos de melhoramento genético das plantas. Consolidados os resultados, a expectativa é transferir a tecnologia para empresas. Quem vencer uma licitação, adquire o direito e paga royalties para a Embrapa. No consumo humano, o sorgo é bastante utilizado na Ásia e na África. Nessas regiões, 80% da produção são para alimentar a população, explica o pesquisador José Avelino Santos Rodrigues, da Embrapa Milho e Sorgo, um dos responsáveis pela pesquisa. No Brasil, o uso da alimentação humana é quase inexistente, acrescenta a pesquisadora Valéria Queiroz. O sorgo tem composição nutricional semelhante à do milho. Dependendo da variedade, o primeiro tem um pouco mais proteína enquanto o segundo é mais rico em carboidratos. Valéria Queiroz explica que o sorgo é mais barato e, especialmente na forma de farinha, pode substituir o milho na composição de produtos como pães, bolos e biscoitos. - Praticamente todos os preparados com farinha ou fubá de milho podem ser substituídos pela farinha de sorgo – explica a pesquisadora da Embrapa. Tabu e preconceito Os pesquisadores da Embrapa invocam a tradição para justificar o baixo consumo humano de sorgo no Brasil. José Avelino e Valéria Queiroz lembram que, no Descobrimento, quando os portugueses desembarcaram na costa brasileira, já havia o cultivo de milho. Avelino diz ainda que o sorgo teve de enfrentar certo preconceito, já que, trazido da África, era associado aos escravos e taxado como alimento pobre. - Como o milho é bastante adaptado ao Brasil, introduzir outro cereal fica mais difícil – conclui Valéria. Espaço para se expandir existe. Segundo José Avelino Santos Rodrigues, o Brasil não produz 10% da demanda por sorgo e o incentivo ao consumo humano teria influência bastante significativa no aumento da produção no país. Para concretizar a expansão, é necessário primeiro melhorar a qualidade e a produtividade do sorgo para levar alternativas mais rentáveis aos produtores, um dos objetivos da pesquisa realizada pela Embrapa. Além disso, é preciso mais divulgação. - Uma das formas é ir às escolas ensinar as merendeiras a fazerem receitas com sorgo – avalia José Avelino, segundo quem o grão com aspecto branco produz uma farinha de melhor qualidade. Valéria Queiroz defende que a promoção deve ser feita mais intensamente em áreas consideradas sob risco nutricional. Mas ressalta que a própria cadeia produtiva deve também trabalhar para levar o sorgo até os consumidores.