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Trigo - Argentina reduz área de trigo e prejudica Brasil
Data: 29/04/2008
 
Colheita pode ter uma queda de 770 mil toneladas
A tensão que o governo da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, mantém com o setor agropecuário está levando os produtores a plantar uma área menor de trigo para a safra 2008/2009, fato que complicaria ainda mais o fornecimento do cereal argentino para o Brasil. A previsão é que a área plantada seja 5% menor em relação ao ano passado, segundo reportagem publicada ontem no principal jornal do país, o Clarín, citando um relatório da Embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires.
A colheita argentina pode cair 770 mil toneladas em relação aos 15,4 milhões da última safra. Mas o cenário pode ser pior se o conflito entre governo e produtores se agravar. O relatório elaborado pelo adido agrícola da embaixada americana, David Mergen, indica que "alguns analistas estão estimando uma queda de 15% a 20% em relação ao ano anterior".
O impacto de uma colheita menor será amplo. Por um lado, provocará alta do preço, o que vai irritar o governo Cristina, que tenta impedir a escalada inflacionária. Desde dezembro, as exportações de trigo estão proibidas, para forçar a queda do preço para os consumidores argentinos.
O mercado brasileiro foi afetado por essa restrição, já que, do total de 10,25 milhões de toneladas de trigo que consome em média por ano, importa 6,6 milhões de toneladas. Dessas, 5,63 milhões de toneladas, ou 85,5%, foram importadas da Argentina em 2007.
Na semana passada, o governo Cristina disse que é impossível estimar quando as vendas de trigo ao Brasil serão regularizadas.
O conflito pelo trigo, somado ao da carne (cujas exportações estão sob fortes restrições há dois anos), é um dos motivos pelos quais os produtores fizeram em março um locaute de 21 dias. A principal queixa é a alta dos impostos sobre exportações de produtos agrícolas. Os produtores pedem, além da suspensão do aumento, a eliminação do recém-criado imposto "móvel", que varia conforme o preço internacional do produto.
No início do mês, eles deram uma trégua de 31 dias no locaute. Mas as discussões estão travadas, já que os ministros rejeitam retroceder em suas medidas tributárias. Nesta semana, o governo pretende retomar as reuniões com as quatro maiores associações de produtores - a trégua nos protestos termina na quinta-feira à noite.

Fonte: O Estado de São Paulo
 
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