Milho - Área de soja nos EUA pode crescer com atraso no milho
Data:
29/04/2008
O relatório de intenção de plantio divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) no final de março provocou uma reviravolta no mercado e na cabeça de alguns produtores. Enquanto as cotações da soja sentiram a pressão da estimativa de área 18% maior, os preços do milho ganharam força com a área abaixo das expectativas. O resultado foi uma melhora significativa nas projeções de retorno do cereal em relação à oleaginosa, e isso levou alguns produtores – especialmente os localizados em regiões de produtividade mais alta e com maior concentração de usinas de etanol – a considerar a hipótese de mudar os planos em favor do milho. Diante deles, porém, há dois obstáculos de respeito: o excesso de chuva e o conseqüente atraso no plantio do cereal. Para evitar que as lavouras percam potencial produtivo durante o desenvolvimento vegetativo, quando as plantas são muito sensíveis ao clima, os norte-americanos evitam semear o milho fora da janela ideal de plantio. Por isso, se continuar chovendo, eles podem dedicar parte da área do cereal para outras culturas, entre elas a soja. No começo de abril, a situação era mais complicada apenas no Sul dos EUA, onde o plantio começa no início de março e, de um modo geral, já estava bastante atrasado. No Meio-Oeste, região responsável por 75% da produção dos EUA, a semeadura deveria ter começado na segunda quinzena de abril. Mas, como o preparo do solo atrasou por causa das chuvas que não deram trégua, os trabalhos de campo também estão atrasados por lá, como mostrou o relatório de acompanhamento de safras que o USDA divulgou na segunda-feira da semana passada, dia 21. Em Iowa e Illinois, os dois maiores produtores de milho dos EUA, por exemplo, a semeadura está bem atrás da média de cinco anos. Em Illinois, os produtores plantaram 1% da área, contra 9% nessa mesma época de 2007 e 29% na média de cinco anos. Em Iowa, onde o plantio nem começou, os trabalhos de campo estavam em 6% em 2007 e em12% na média. Nessa segunda-feira (28-04), o USDA divulgou outro relatório (depois do fechamento desta coluna), mas é bem pouco provável que os produtores norte-americanos tenham tirado o atraso. Isso porque as chuvas continuaram caindo em vários pontos do Meio-Oeste dos EUA. Quer dizer, está diminuindo a possibilidade de que a área do milho cresça muito sobre a da soja, como ainda sugerem alguns analistas norte-americanos, que apostam num acréscimo de até 1,21 milhão de hectares no plantio do cereal.