O governo da Argentina publicou, ontem, resolução restabelecendo o registro de exportações de carne bovina. A medida foi anunciada um dia antes de encontro, marcado para hoje, entre representantes do governo e líderes agrícolas que ameaçavam nova greve nacional. Com a retomada das exportações, a Argentina deve ocupar o espaço deixado pelo Brasil junto à União Européia. Apesar dos embarques brasileiros não estarem totalmente bloqueadas, o pequeno número de propriedades aptas a exportar prejudica o país, acredita o diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle. Em contrapartida, o Rio Grande do Sul vinha abastecendo alguns mercados que ficaram desguarnecidos no momento em que os argentinos suspenderam os registros de exportação. 'Eles vão nos tirar alguns clientes por causa do nome, do marketing, mas nada significativo, porque eles também não têm tanta produção.' Moussalle se preocupa com o mercado europeu, em função de a Argentina possuir uma cota Hilton de 26 mil toneladas, mais de cinco vezes a do Brasil. 'Se colocarem a cota Hilton em dia, vão nos complicar um pouco.' O coordenador da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, acredita que a relação da Argentina com a UE pode ter reflexos no RS. Para ele, os europeus, que vinham dialogando para habilitar mais fazendas brasileiras, diminuirão a pressão, pois poderão se abastecer na Argentina.