Os números dos prejuízos na agricultura do Sul do Estado com o ciclone extratropical dos últimos dias ainda não foram computados, - uma reunião entre Epagri e Defesa Civil, com a intenção de levantar maiores informações sobre as perdas na agricultura está marcada para hoje, mas já há uma estimativa de perda na lavoura de feijão nos municípios do Extremo Sul. Segundo Rene Kleveston, engenheiro agrônomo da Epagri de Araranguá, o cálculo é de que na Amesc, as perdas na lavoura do feijão, cuja colheita deve começar na segunda quinzena de maio, fiquem em torno dos 10% a 20%. "O feijão é sensível, e a chuva nessa fase de maturação causa a quebra. O grão absorve muita umidade, especialmente as vagens que estão mais próximas do solo, o que faz com que os grãos mofem e tenham que ser descartados", explica. Segundo Kleveston, para alguns agricultores, a enchente trouxe prejuízos também na propriedade, mas em termos gerais, devido à época em que as chuvas ocorreram, os danos foram bem menores que em anos como 1995 (quando o Vale do Araranguá foi atingido por uma grande cheia) e as últimas enchentes em 2002 e 2004. "A região normalmente enfrenta enchentes em períodos de quatro em quatro anos, e dessa vez o estrago na agricultura foi menor. Mas se tivesse ocorrido em novembro, dezembro ou início de abril, os prejuízos seriam maiores, especialmente no arroz, que é plantado em áreas baixas", afirma. A estimativa é que cerca de 2% da área plantada de arroz no extremo Sul ainda não tivesse sido colhida antes da passagem do ciclone. Os prejuízos maiores para os rizicultores teriam sido com infra-estrutura como o estrago em canais, taipas, bombas e motores. No caso do fumo, alguns produtores tiveram prejuízos com a perda dos defensivos que já haviam sido aplicados com o início do plantio. As chuvas de 200 milímetros que caíram durante três dias no Vale do Araranguá e de 300 milímetros na encosta da Serra causaram a lixiviação do adubo que já havia sido aplicado. A bananicultura, que amargou um período de crise após o furacão Catarina, em 2004, não foi afetada, ao que tudo indica, com as chuvas e ventos de sexta-feira, sábado e domingo. Segundo Alexandro Roefler, técnico agropecuário da Epagri de Jacinto Machado, as queixas dos produtores de bananas do município foram com alguns deslizamentos de terras. Já no caso do milho, em algumas propriedades, a planta deitou e os agricultores podem ter perdas decorrentes do mau tempo. Para o solo, as perdas, segundo Roefler, foram de nutrientes e matéria orgânica. A tempestade acaba levando os defensivos agrícolas e adubação para os rios.