Arroz - Preço do arroz sobe, apesar de intervenção
Data:
15/05/2008
Mais uma vez, os leilões dos estoques oficiais não surtiram efeito no mercado físico de arroz. As cotações do cereal encerraram ontem a R$ 35,48 a saca - no mês o produto acumula alta de 7,1%. Para analistas de mercado e representantes da indústria, a intervenção do governo está apenas diminuindo a velocidade de alta do preço. Em abril, o valor aumentou 42%, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). O governo ofertou na terça-feira 82,5 mil toneladas do produto e outras 27,1 mil toneladas haviam sido vendidas na semana anterior. Para a próxima serão mais 100 mil toneladas. A intervenção do governo começou depois de uma "ameaça de veto" às exportações para a garantia do abastecimento e o controle da inflação. Outras 1,3 milhão de toneladas ainda estão nos armazéns oficiais. "O leilão refletiu como está o mercado", afirma Camilo Oliveira, assessor-comercial do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). No entanto, segundo ele, se o governo intensificar o ritmo de oferta, pode faltar produto para intervenção no segundo semestre. "Quanto mais o governo aumenta a oferta semanal, mais cedo vai acabar o estoque e, assim, ficar sem poder de fogo para o final do ano. Quando o estoque terminar, vai coincidir com a entressafra, e o preço estará mais alto" avalia o diretor da Cogo Consultoria Agroeconômica, Carlos Cogo. Segundo ele, mesmo que o produtor segure a safra, apostando em valores mais altos no segundo semestre e viesse a desová-la mais à frente, não será em volume suficiente para derrubar as cotações. Isso porque, de acordo com o consultor, apesar de os custos da próxima safra estarem 30% mais elevados, os valores atuais do cereal, na faixa dos R$ 35 a saca (50 quilos) cobrem os gastos. "Para cumprir seus compromissos ele vai ter de vender uma quantidade menor, com os preços atuais", conclui. Pelos cálculos do Irga, em abril, cerca de 15% da safra gaúcha - de 7 milhões de toneladas - já estava negociada. O secretário-executivo do Sindicato da Indústria Arrozeira do Rio Grande do Sul (Sindarroz), César Gazzaneo, acredita que o novo volume a ser ofertado pelo governo vai ajudar a estabilizar o preço do produto. Para ele, a intervenção do governo é uma sinalização de que os preços não podem continuar subindo no ritmo que estavam. Gazzaneo acredita que o cenário do segundo semestre dependerá do resultado das exportações e importações.