Indústrias e produtores da região do Cerrado brasileiros se preparam para expandir a produção de trigo no Brasil e amenizar a dependência das importações. O governo federal aceitou a proposta de criação de um pólo produtor do grão na região denominada Brasil Central, formada por cinco estados: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e o Distrito Federal. A cadeia produtiva de trigo do estado mineiro passou a integrar a Câmara Setorial de Cultura de Inverno do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O projeto foi surgindo a partir de reuniões do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Trigo em Minas Gerais (Comtrigo), criado pela Secretaria Estadual da Agricultura daquele estado. O cerrado pode compensar parte do déficit de produção de trigo. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a região tem potencial para usar uma área de 2 milhões de hectares para produzir 4,5 milhões de toneladas, mais do que o volume total colhido em todo o território brasileiro em 2007, que foi de 3,8 milhões de toneladas. Neste ano, a produções mineira não passou de 120 mil toneladas. “A cultura no Cerrado é uma ótima opção de substituição das importações para o abastecimento interno”, afirma Cézar Tavares, diretor de vendas e marketing da Vilma Alimentos, grupo que possui moinho e produz massas. O Ministério da Agricultura vai coordenar o trabalho de criação do pólo. O objetivo é levar ao cerrado políticas específicas para a produção do cereal. Segundo o coordenador do Comtrigo, Lindomar Lopes, a proposta consiste em adotar políticas integrando ações, programas, normas, e procedimentos das instituições oficiais e privadas vinculadas ao trigo no Brasil Central, com objetivo de atender todos os segmentos da cadeia produtiva. Atualmente, as políticas agrícolas do grão que é base do gênero alimentício mais popular, o pão, são elaboradas para a região Sul, que é responsável por 80% do trigo consumido no País. Na opinião do coordenador da Comtrigo, para a triticultura deslanchar no Brasil Central será necessário dimensionar gargalos e adotar medidas que poder ser implementadas para eliminá-los. Alguns desses entraves já são conhecidos, como problemas de armazenagem e logística. “Vamos ter um retrato fiel da situação e verificar o que é preciso para incentivar a produção e a instalação de indústrias para moagem”, diz. Vantagens competitivas – Entre as vantagens da triticultura na região do Cerrado, está a proximidade do mercado consumidor, não apenas no centro-oeste, mas também do Norte e Nordeste. Para essas regiões, o custo do frete seria mais baixo, com o uso de rede ferroviária. O início da colheita do trigo, que no Cerrado ocorre em julho, antes do Sul, onde é feita entre agosto e setembro, é outro ponto favorável ao aumento da produção na região. Também foram desenvolvidos nos órgãos agrícolas cultivares para a produção de trigo em clima quente. Atualmente, há oito moinhos na região do Brasil Central, com capacidade instalada de aproximadamente 700 mil toneladas. Metade deles está situada em Minas Gerais, mais do que suficiente para o trigo produzido naquele estado e proximidades. Pontos favoráveis para o trigo no cerrado - Possibilidade de plantio sequeiro e irrigado, prevalecendo o irrigado em 90% da área - Estações de chuva e seca perfeitamente definidas, possibilitando previsibilidade de produção e qualidade - Colheita em períodos da quase audiência de pluviosidade, proporcionando produto de alta qualidade - Baixa umidade relativa do ar durante a maior parte do ciclo da cultura, possibilitando a ocorrência menor de pragas e doenças - Altos índices de produtividade alcançados graças a cultivares e tecnologia desenvolvidos especialmente para a região - Colheita da entressafra da produção do Sul e da argentina, alcançando melhor competitividade de preço no mercado - Condição geográfica da região possibilita economia de frete no transporte rodoviário ou ferroviário