Trigo - Argentina não tem data para voltar a exportar trigo
Data:
21/05/2008
Na segunda-feira, a Argentina liberou 100 mil toneladas de trigo para o Brasil O governo da Argentina não tem previsão de quando as exportações de trigo serão normalizadas, apesar da liberação, nesta segunda-feira, de 100 mil toneladas para o Brasil. O secretário de Relações Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, embaixador Alfredo Chiaradia, avaliou que enquanto houver problemas internos em seu país, as exportações do grão serão deixadas em segundo plano. — Quem tomou a medida de suspender as exportações considerou que é menos grave o déficit comercial com o Brasil do que a situação interna de abastecimento — explicou o embaixador durante entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros em Buenos Aires. Chiaradia recordou que a suspensão das exportações faz parte de uma política interna que privilegia o abastecimento doméstico com preços acessíveis para a população. Nesse sentido, para o governo de Cristina Fernández de Kirchner é mais importante abastecer seu mercado que impedir o aumento do déficit comercial de US$ 4 bilhões com o Brasil. Os principais produtos exportados da Argentina para o mercado brasileiro são os automóveis e o trigo. Se o país continuar exportando menos trigo ao sócio do Mercosul, esse déficit será ainda maior em 2008. Indagado sobre se a Argentina não teme perder o mercado brasileiro para o Canadá ou os Estados Unidos, já que são fornecedores mais estáveis, Chiaradia foi pragmático: — A credibilidade é um valor importante, mas o preço vale mais. Segundo sua opinião, quando o país normalizar o mercado local de trigo, a Argentina voltará a ser o único fornecedor do cereal ao Brasil, já que o preço é mais baixo que o do produto importado dos Estados Unidos e do Canadá. Ele também reconheceu "o efeito colateral" que a instabilidade no fornecimento de trigo argentino provoca no Brasil, com o aumento da inflação. No entanto, o secretário fez a ressalva de que "os preços não sobem só por causa do trigo argentino, os preços sobem por uma série de fatores, mas é certo que o pãozinho que o brasileiro come pode estar mais caro".