Feijão - Governo estuda desonerar produção do feijão
Data:
27/05/2008
Segundo ministro, medidas para incentivar plantio de grãos incluem novos preços mínimos e redução de tributos O plano do governo para a nova safra, a ser anunciado no fim de junho, deve incluir medidas para estimular o plantio de grãos como feijão, arroz, milho e trigo. Entre essas medidas, estão a fixação de novos preços mínimos e a possibilidade de desoneração tributária para produtos da cesta básica que ainda não têm esse tipo de incentivo fiscal, a exemplo do que o governo anunciou recentemente para a cadeia do trigo. Teremos algumas medidas diferentes das normais no sentido de manter o estímulo e o crescimento da produção agrícola - afirmou ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. O ministro, que participou de almoço com cerca de 300 empresários em São Paulo, disse que o preço de garantia do feijão deve ficar entre R$ 80 e R$ 90 por saca, contra os atuais R$ 40 a R$ 50. Segundo ele, é preciso um valor "que seja num tal nível que se produza feijão". Ele evitou detalhar as novas medidas, mas confirmou que também negocia com o Ministério da Fazenda a retirada de impostos sobre produção e venda de grãos. No mês passado, preocupado com o impacto da alta do preço do produto na inflação, o governo decidiu eliminar a cobrança do PIS/Cofins sobre a venda do trigo, da farinha e do pão francês. Na avaliação de Stephanes, a alta de preços dos grãos no mercado internacional é boa, à medida que incentiva o aumento da produção interna, mas seus efeitos negativos sobre o consumidor devem ser combatidos. - A alta, a partir de determinado ponto, começa a prejudicar o consumidor. Estoque mundial de trigo será o menor em 5 anos Sem dar valores, Stephanes disse que não vão faltar recursos para a próxima safra. Segundo ele, essa foi a garantia dada nas reuniões que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. - A melhor forma de o país colaborar com o mundo é oferecer mais produtos. O Brasil fará a sua parte. Depois de repetir que o novo patamar de preços dos alimentos "veio para ficar", o ministro da Agricultura apresentou, durante o almoço em São Paulo, projeções sobre a variação dos estoques mundiais de grãos. No caso do trigo, a previsão para a safra 2007/2008 é de 110 milhões de toneladas, menor patamar nos últimos cinco anos. O ministro também criticou os países europeus por terem devastado suas florestas e insistirem na questão da preservação da Amazônia. Ele disse que o Brasil "não precisa derrubar nenhuma árvore a mais" para aumentar sua produção de alimentos e que cabe ao Brasil definir isso. Dívida será renegociada Débitos agrícolas somam R$ 87 bilhões O presidente Lula anuncia hoje três novas medidas voltadas para o agronegócio. A primeira delas é a assinatura de medida provisória que renegocia R$ 87 bilhões em dívidas de agricultores. Parte desses débitos se refere a empréstimos feitos nos anos 80 e 90. O governo também vai enviar ao Congresso projeto de lei que cria um fundo contra perdas provocadas por catástrofes. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, será formado a partir da emissão de títulos públicos e servirá como garantia adicional para seguradoras. - É uma espécie de resseguro, para ser usado em momentos de catástrofe - afirmou o ministro. Lula assina ainda decreto para a criação do cargo de adido agrícola no exterior.