Trigo - Estiagem atrapalha plantio de trigo nos Campos Gerais (PR)
Data:
28/05/2008
Os agricultores dos Campos Gerais estão prontos para o plantio da principal cultura de inverno, o trigo. O trabalho no campo deveria ter começado há alguns dias em todas as propriedades, porém a estiagem está atrapalhando o processo. “Alguns produtores estão plantando. Outros aguardam a chuva para umedecer o solo. A seca reduz o ritmo de plantio e a conseqüência será o atraso na germinação”, explica José Roberto Tosato, agrônomo do Departamento de Economia Rural do núcleo regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab). Segundo o agrônomo, quem arriscar plantar no solo seco não perderá a semente. “A semente ficará armazenada no solo aguardando chuva e isto por, pelo menos, 30 dias. O risco vale à pena porque o sol nesta época é ameno e não afeta a semente”, orienta. O ideal, conforme ele, é que o plantio no Sul da região aconteça em junho. “Aproximadamente 85% da área destinada ao trigo deverá ser plantada no mês que vem”, comenta. A finalização ocorrerá em julho. Ele explica que plantando no mês indicado a probabilidade de perda em função de geada tardia (final de agosto e início de setembro) é pequena. “O Norte da região (Arapoti, Sengés, Ventania e Tibagi) iniciou o cultivo no final de marco e intensificou em abril. Com isto, 80% daquela área está plantada. Eles colherão mais cedo que a nossa região”, diz. A colheita se iniciará em setembro no Norte e no Sul da segunda quinzena de outubro até novembro. Pelos cálculos do Deral, os Campos Gerais (18 municípios) deverão plantar trigo em área de 130 mil hectares. Isto representa um aumento de 48% em relação à safra passada. Se as condições climáticas forem favoráveis à cultura a produção será próxima de 430 mil toneladas. Na última safra, os produtores colheram algo em torno de 240 mil toneladas. Como a procura por semente ainda é grande, o agrônomo acredita que a área plantada pode ultrapassar a prevista inicialmente. Entre os motivos que levaram os agricultores a uma plantação maior está principalmente cotação no mercado agrícola. A tonelada é negociada entre R$ 750 a R$ 800. “Estes valores estão muito superiores à média histórica do trigo no Brasil. Até a safra passada a tonelada era negociada próxima de R$ 260”, fala. O agrônomo lembra que a cultura estava desestimulada. “Não havia ajuda governamental, amparo de seguro pró-agro (perdas por chuva e geada) e interesse dos moinhos em comprar o trigo brasileiro. A produção ficava armazenada sem perspectiva de venda ou preço baixo”, recorda. Hoje, com o estoque mundial mais baixo o trigo brasileiro tem mercado e se mantém com a cotação elevada. A insistência do produtor no cultivo também tem explicação. “Há necessidade de palhada. Por ser uma cultura de inverno o trigo cobre o solo e evita a infestação de ervas daninhas mais tarde e a erosão eólica e pluvial”, esclarece.