Desde ontem a farinha de trigo está até 9% mais barata em alguns moinhos e o preço do pãozinho poderá ser reduzido em até 3%. Esses foram os reflexos imediatos da Medida Provisória 433, publicada ontem no Diário Oficial da União, que isenta a farinha de trigo do recolhimento do PIS e da Cofins. O presidente do Moinho Anaconda, Luiz Martins, disse que todas as vendas realizadas ontem por aquela empresa já tiveram seu preço reduzido em 9%. Até mesmo as notas fiscais emitidas durante a madruga pelo preço cheio terão esse desconto nas duplicatas correspondentes à venda, informou. O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, que já vendia ontem farinha por preço 8% menor, explicou que a redução dos preços foi negociada pelo governo com os principais representantes da cadeia produtiva do trigo. O objetivo foi conter o efeito do alimento nos índices de inflação. Outra intenção do governo foi estimular a produção doméstica de trigo, cujo volume está muito aquém da demanda nacional. Em 2007, a colheita de trigo no Brasil ficou em 3,38 milhões de toneladas para um consumo interno estimado em 11 milhões de toneladas. A redução de preço concedida pelo Anaconda é resultado de um cálculo feito pela empresa que mostra que a carga fiscal desses dois tributos chega a 8,66%. "Decidimos arredondar para 9%, atendendo aos apelos feitos pelo governo federal", disse. Martins acerscentou que neste cálculo não foi incluído o peso do PIS e da Cofins sobre os custos das embalagens. "Decidimos absorver esse custo, uma vez que não existe instrumento legal prevendo esse crédito", afirmou. Pih está certo de que os preços do trigo e seus derivados irão cair. Segundo informa, alguns dos principais fabricantes da cadeia participaram das negociações com o governo e isso deverá ter impacto nos negócios de todo o setor. "Caso os concorrentes decidam manter os preços perderão mercado". Pih diz que o Moinho Pacífico, cuja participação no mercado é de 30%, trabalha atualmente com capacidade ociosa de 25% a 30%. Caso os concorrentes resistam em baixar os preços, suas moendas começarão a trabalhar a plena carga. Desafio "Alcançar a auto-suficiência no trigo é um grande desafio", afirmou Pih. O principal obstáculo na sua opinião é o custo de produção, que no Brasil chega a ser o dobro do argentino. Terras adequadas à cultura do trigo, baixo uso de insumos e câmbio favorável são os principais fatores para a eficiência da triticultura argentina.