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Registro - Crise dos EUA afeta competitividade agrícola
Data: 11/06/2008
 
O desaquecimento da economia dos EUA coloca em xeque a exportação agrícola brasileira. A valorização do petróleo e seus derivados também estão dificultando a competitividade da agricultura no Paraná, principalmente a compra de insumos agrícolas à base de petróleo. Internamente, a taxa cambial fortalece papéis (ações) do setor público, fazendo com que investidores prefiram comprá-las, pagando até 4% ao mês, ao invés de investir em empresas privadas, principalmente do agronegócio. As conclusões são do professor de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Vanderlei Sereia.
Num cenário menos pessimista, o professor da UEL calcula que as commodities agrícolas continuarão a subir de preço no mundo. A saca de 60 quilos de soja, por exemplo, na safra 2006/2007 rendeu aos agricultores paranaenses R$ 32, já na safra 2007/2008 saiu por R$ 42, cerca de 24% de aumento - reajuste alto e inesperado para especialistas. ""O detalhe é que o consumidor pagará cada vez mais caro o preço do alimento na mesa, inclusive internamente"".
O segundo cenário, mais pessimista, estaria na estabilização dos preços das commodities no mercado internacional. Nesta suposição, Vanderlei descreve que os subsídios americanos e europeus dariam conta do recado na produção de grãos. Preços estabilizados significam preços baixos, o que tiraria a competitividade do Brasil frente ao mercado internacional
O terceiro cenário seria a venda dos produtos agrícolas brasileiros aos países asiáticos e africanos que estão passando fome. ""Boa parte destes países (asiáticos e africanos) não têm dinheiro para comprar alimentos"", lembra.
Subsídio e crise
Para enfrentar o subsídio e a crise americana, o professor sugere que o Brasil melhore sua infra-estrutura, melhorando portos e aeroportos. ""O Brasil tem rios que correm para o interior do País, na sua maioria"", descreve o estudioso, argumentando que o investimento no setor hidroviário tem que ser visto com reservas porque os rios não vão em direção ao litoral.
Armazenagem e industrialiação
Sereia defende que o governo crie armazéns que propiciem a longevidade da produção agrícola. Além disso, ele propõe que parte dos produtos agrícolas sejam pré-industrializados na origem, por exemplo, que a soja seja beneficiada e se torne óleo antes mesmo de deixar a região onde ela foi colhida. O economista, concorda, entretanto, que os países ricos só deixam entrar a matéria-prima, ficando a industrialização dos produtos agrícolas para os países europeus e o EUA.
Taxa Selic
A taxa Selic, em 12,25%, segundo Vanderlei, sobrevaloriza o real dentro do País, mas tira a competitividade agrícola dos agricultores brasileiros no mercado internacional. ""Esta história de manter a paridade com o dólar não é interessante para o Brasil. A desvalorização ajudaria o País a ter preços agrícolas melhores lá fora"", explica.
Taxa cambial
A política de valorização dos papéis das empresas do setor público por parte do governo brasileiro na Bolsa de Valores está desestimulando estrangeiros a investir em empresas privadas brasileiras. Ações da Petrobras, setor elétrico, Vale do Rio Doce são mais atraentes do que commodities, por exemplo. Esta valoriação das ações públicas, desvaloriza ações do setor privado, os quais necessitam de maiores investimentos, inclusive o agronegócio.
Petróleo
Ele lembra que a matriz energética do mundo é o petróleo. Toda economia gira em torno de produtos petrolíferos. O adubo nitrogenado, por exemplo, deriva do petróleo. ""É uma estratégia das empresas petrolíferas diminuir a oferta do produto no mercado internacional para forçar o aumento do preço de petróleo"", argumenta.

Fonte: Folha de Londrina
 
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