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Arroz - Arroz deixa de ser o vilão da inflação
Data: 18/06/2008
 
Considerado um dos vilões da inflação nos últimos meses, o arroz agora não mais poderá ser acusado, pelo menos se continuar o padrão de preços atual. Desde que o governo parou de intervir no mercado, no final de maio, os valores pagos aos arrozeiros no Rio Grande do Sul - maior produtor nacional do grão - praticamente se estabilizou. Tem "andado de lado", como dizem os analistas de mercado. Para alguns, o arrefecimento no mercado internacional também pode explicar este movimento.
O governo resolveu intervir no mercado em abril quando o preço do produto disparou - no final do mês, acumulando alta de 40% em 30 dias, entre abril e maio. Naquele mês, o produto subiu 23,1% e, no seguinte, 24,3%. No mercado internacional, a variação chegou a 50,4% em abril.
No último leilão governamental - que ofertou no mês de maio cerca de 280 mil toneladas -, o cereal estava cotado a R$ 34,08 a saca (50 quilos) e, ontem, R$ 33,41 - uma queda de 2% no período, mas mantendo-se quase estável desde o dia 3. O analista Élcio Bento, da Safras & Mercado, acredita que, a partir de agora, com a saída do governo, o preço possa ter um viés de alta. "Há um equilíbrio de forças no mercado. De um lado, o comprador abastecido e, de outro, o vendedor esperando", diz.
"O que estava fazendo o mercado subir era o cenário internacional", diz Paulo Morceli, superintendente de Gestão de Oferta da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Na sua avaliação, a cotação externa do cereal chegou a um patamar fora da capacidade de compra dos importadores. Em maio, mês com o maior preço do produto na Tailândia, o arroz era cotado a US$ 963 a tonelada - na média do mês, mas chegou a bater os US$ 1 mil a tonelada. Em janeiro, saia a US$ 385 a tonelada - valorização de 150% no período. "Como o mercado internacional se estabilizou, o interno também", lembrando que o produtor aproveitou a alta. Segundo ele, entre março e maio 44% da safra foi comercializada ante a 16% no mesmo período do ano passado.
"O mercado encontrou seu ponto de equilíbrio", afirma o presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). Na avaliação dele, o preço atual é reflexo do cenário internacional mas, muito mais, do interno pois, segundo ele, o produtor vendeu bastante e a indústria está abastecida. Na avaliação de Fischer, ao consumidor o preço também está em equilíbrio - cerca de R$ 2 o quilo.
Desde do começo do ano,de acordo com consultorias, o consumidor já pagou 25,7% a mais pelo produto. No mesmo período - janeiro a maio - a inflação acumulada é de 2,9%. O arroz representou 0,2% do total da inflação. Em junho o produto parou de subir, mas que talvez ainda possa ter algum reflexo no índice de julho, pois sempre já uma defasagem. No mesmo período, a alta ao produtor foi de 41,6%, de acordo com os dados da Safras & Mercado.
"Certamente daqui para frente o arroz não será mais o vilão da inflação", diz consultor. Apesar disso, ainda está garantido mais um leilão de estoque do governo, dia 30, com oferta de 50 mil toneladas.

Fonte: Gazeta Mercantil
 
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