Café - Safra de café baterá colheita do ano passado em São Paulo
Data:
19/06/2008
O brasileiro é apaixonado por um cafezinho. Apenas na cidade de São Paulo estima-se que o consumo fora de casa da bebida seja de 25 milhões de xícaras por dia. E os amantes do café podem se animar porque este ano a safra prevista para o Estado vai superar o volume do ano passado. No total, a colheita que começa oficialmente esta semana será de 4 a 6 milhões de sacas com 60 quilos de café verde beneficiado. Na safra passada, a quantidade foi de 3,3 a 3,5 milhões de sacas com o mesmo peso. A alternância de volumes menores com anos subseqüentes maiores é comum nessa lavoura. O engenheiro agrônomo e pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA), Celso Luis Rodrigues Vegro, afirma que o café é analisado em ciclo bienal e há oscilação entre picos de produção e volumes mais reduzidos. A abertura oficial da colheita no Estado foi feita anteontem no Instituto Biológico de São Paulo, na Vila Mariana, com a presença do secretário-adjunto de Agricultura de São Paulo, Antonio Julio Junqueira de Queiroz. Esse é o maior cafezal em área urbana do País. Vegro detalha que há três tecnologias de produção empregadas nos cafezais paulistas: a mecanização da colheita, o adensamento das plantações e a irrigação da área cultivada. "A mecanização é característica da região da Alta Mogiana. O adensamento tem como característica um número maior de plantas por hectares e apresenta maior incidência em propriedades das regiões de Piraju e Ourinhos. Os cafezais irrigados são mais comuns nas regiões de Garça, Vera Cruz e Getulina", mapeia. Em São Paulo, diz o pesquisador, só é cultivado o café arábica. Ele salienta que o Estado é responsável por 65% do agronegócio com café no País. "Há uma dinâmica econômica que gira em torno do café. São Paulo é responsável por 40% a 45% do café torrado no Brasil. No Estado, são produzidos 80% do café solúvel para o mercado interno", comenta. No Brasil, a safra prevista é de 26 a 28 milhões de sacas de café este ano. Do total, 24,5 milhões é verde e 3,4 milhões solúvel. A safra da cultura começa normalmente em maio ou junho e vai até agosto. "Este ano houve atraso em decorrência da quantidade de chuvas em julho de 2007 e da seca que veio meses depois na época da primeira florada." Qualidade O pesquisador do IEA salienta que o café nacional tem destaque no mercado internacional. Entretanto, ele diz que o brasileiro muitas vezes se pauta pelo preço na hora de comprar o produto no supermercado. "Café que é comprado em função do preço mais barato pode resultar em uma péssima escolha. Hoje, os brasileiros têm nas prateleiras dos supermercados uma quantidade grande de opções com excelente qualidade. Há tipos gourmet ótimos que têm um custo mais elevado, contudo possuem uma qualidade superior", sublinha Vegro, que lembra marcas importantes do mercado nacional como o Café Daterra, que pertence ao grupo campineiro DPaschoal. A marca, reconhecida em diversas partes do mundo, foi coroada este ano com o prêmio concedido pela Rainforest Alliance, organização norte-americana que avalia a qualidade e a forma de produção de cafés. O Café Daterra ficou em terceiro lugar no ranking mundial e em primeiro no Brasil. A entidade tem como princípio o fomento do cultivo sustentável do café que prime pelo respeito ao meio ambiente e ao homem. A gerente comercial do Café Daterra, Andreza Mazarão, afirma que a produção do grupo é certificada pelo organismo desde 2002. "Há regras e padrões que devem ser seguidos cuja base é a sustentabilidade e a Fazenda Daterra foi a primeira no País a conseguir a certificação", diz. O café especial, junto com os outros 90 concorrentes sendo 11 deles brasileiros, foi saboreado durante a edição deste ano do Cupping for Quality por 18 cuppers renomados mundialmente que avaliaram pontos como fragrância, aroma, doçura, sabor, balanço e uniformidade. O evento ocorreu na sede da Specialty Coffee Association of America em Minneapolis, nos Estados Unidos. "As amostras são enviadas verdes e são torradas no momento da avaliação", esclarece a gerente. O Reserva 2007 que resultou no prêmio será lançado na próxima terça-feira no site de comercialização de blends especiais da empresa. Além dos atributos analisados pelos especialistas no concurso, a pontuação ainda tem como parâmetros a forma de produção que tem pilares como o respeito ao meio ambiente, a proibição de trabalho escravo e questões sociais. "O produto é comercializado direto aos distribuidores e torrefadores. A produção é direcionada principalmente para exportação. Mas também comercializamos os blends pelo site www.ateliedocafe.com.br", comenta. Andréa diz que o Grupo DPaschoal opera o braço agrícola há 30 anos e há 20 anos cultiva café. As fazendas da Daterra estão em Patrocínio (MG) e Franca (SP). As duas propriedades somam 2,8 mil hectares plantados com 16 milhões de pés de café. "A Daterra exporta 93% da produção. No mercado interno, fornecemos nossos cafés somente para o Ateliê do Café, Torrefação Marcos Januzzi, em Artur Nogueira, e Café do Porto que é uma cafeteria localizada em Porto Alegre", diz. A empresa possui 50% de área de preservação. A executiva do Grupo lembra que a legislação brasileira exige 20% para reserva ambiental.