As geadas que ocorreram nos dias 16 e 17 de junho frustraram a expectativa de colheita recorde de 6,82 milhões de toneladas de milho safrinha no Paraná. Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria da Agricultura, mostra que as perdas foram de 19,24%. Com isso, a estimativa de produção foi reduzida para 5,49 milhões de toneladas, volume 2,3% menor que o do ano passado, quando também houve geada, mas ainda assim foram colhidas 5,62 milhões de toneladas. A quebra de 1,33 milhão de toneladas representa prejuízo de R$ 505 milhões aos produtores paranaenses, levando-se em conta o preço de R$ 22,78 por saca de 60 quilos praticado ontem no Estado. Na intenção de aproveitar a valorização do grão (a saca de 60 quilos valia R$ 14,92 há um ano e o preço já está 52% maior), os agricultores aumentaram a área plantada em 8,4% e esperavam colheita recorde, mas o clima mais uma vez não ajudou. Depois de dois anos de perdas devido à estiagem, este é o segundo com ocorrência de geadas. De acordo com a agrônoma Margorete Demarchi, do Deral, a quebra pode ser maior que a levantada pelos técnicos que foram a campo, porque o levantamento é feito por amostragem e não está descartada a ocorrência de mais problemas climáticos. O inverno está apenas começando e 77% das plantas de milho ainda estão nas fases de desenvolvimento, floração e frutificação, portanto sujeitas a riscos. Os outros 23% estão em fase de maturação, menos suscetíveis ao gelo. As geadas foram de intensidade moderada a forte no oeste, centro e sudoeste do Paraná. Segundo os dados do Deral, as maiores perdas aconteceram nas regiões de Campo Mourão (302,9 mil toneladas), Cascavel (398,6 mil toneladas), Francisco Beltrão (37,5 mil toneladas), Maringá (159 mil toneladas), Toledo (406 mil toneladas). Nessas regiões estão cultivadas 69,6% da área total inicial, de 1,6 milhão de hectares, e cerca de 67% da produção atualmente esperada. O produtor Elci Dalgalo, que plantou 200 alqueires de milho nos municípios de Cafelândia e Cascavel, estima que teve perdas de 80% a 90%. Antes, pensava em produzir 50 mil sacas do grão, mas teve de revisar a previsão para baixo. "Se der alguma coisa, será no máximo 5 mil sacas", disse ele, que teve perdas também nas culturas de trigo e feijão. Dalgalo comentou que somente em 2000 viveu situação pior, quando enfrentou 14 geadas. O prejuízo atual está calculado em R$ 1,5 milhão. "O que eu tinha planejado, de renovar máquinas e equipamentos, terá de ser adiado", afirmou ele. Outro que teve frustração foi Marcelo Heck, produtor de Toledo. "Perdi quase tudo", contou Heck, que plantou 26 alqueires de milho. Nas regiões norte e noroeste as geadas foram de fracas a moderadas, sem registro de perdas significativas. Na região sul do Estado, onde as lavouras estão no estágio final, a produção não foi afetada. O Paraná é o maior produtor nacional de milho e, no caso da safrinha, está em segundo lugar, atrás do Mato Grosso. Além de problemas no milho, o levantamento do Deral mostrou que foram registradas perdas de 0,7% na cultura do trigo. A área prevista de cultivo do grão é de 1,09 milhão de hectares, e a produção está estimada em 2,84 milhões de toneladas. Aveia, centeio e cevada não sofreram com as geadas. Para a cevada, a estimativa é de que serão cultivados 39,2 mil hectares, e a produção esperada é de 136,2 mil toneladas.
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As geadas que ocorreram nos dias 16 e 17 de junho frustraram a expectativa de colheita recorde de 6,82 milhões de toneladas de milho safrinha no Paraná. Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria da Agricultura, mostra que as perdas foram de 19,24%. 