Trigo - Setor quer melhorar o rendimento para diminuir a dependência externa
Data:
01/07/2008
Elevar a produtividade não é essencial apenas para os triticultores mas também para o Brasil, que depende da produção internacional para suprir o consumo interno. O pesquisador André Rosas afirma que o aumento do rendimento é importante para melhorar a competitividade brasileira. O caminho, segundo ele, é a tecnologia, com aumento dos investimentos em sementes selecionadas e adaptadas ao ambiente paranaense para reduzir os gastos com controles de pragas e doenças. Técnico-proprietário da empresa Biotrigo, ele conta que as sementes que estão sendo produzidas têm foco no controle de pragas e são mais resistemtes aos efeitos do calor fora de hora ou da chuva na colheita, por exemplo. Rosas relata que já desenvolveu variedades que renderam até 11 mil quilos por hectare no Chile, em áreas experimentais. Ele sabe que esse rendimento não se estende para a produção em alta escala, já que dependeria de condições ideais de clima e solo em grandes extensões de terra. “Mas é possível chegar, num prazo de mais ou menos cinco anos, a variedades que produzem 7 a 8 mil quilos por hectare e que poderiam alcançar a metade disso nas propriedades”, diz. Para Rosas, a evolução da produtividade brasileira do trigo é resultado de fatores como o melhoramento genético das sementes, os avanços em fungicidas, a técnica do plantio direto e a profissionalização dos triticultores. O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Luiz Martins, ressalta a importância de aumentar a produtividade, como forma de deixar o país menos refém da produção internacional, mas enfatiza que é preciso se preocupar também com a qualidade do que é produzido. “O Brasil foi quase auto-suficiente na produção em 1986, mas era com um grão tão ruim que quase nem era trigo”, diz. Uma forma de incentivar safras melhores seria mudar a forma de pagamento pela produção. Atualmente, o Brasil é o único país do mundo, segundo a Abitrigo, que remunera por volume, enquanto nos demais lugares o produtor recebe pelo teor de proteína dos grãos