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Safra - Alta dos insumos reduz benefícios do Plano Safra
Data: 01/07/2008
 
Não fossem os altos custos dos insumos agrícolas, especialmente dos fertilizantes - alvos de uma CPI na Assembléia Legislativa do Estado -, o Plano Agrícola e Pecuário 2008/2009 teria uma maior aceitação por parte das lideranças gaúchas. Mas o termômetro não passou de razoável a insuficiente. Essa foi a avaliação por representantes do setor primário sobre os R$ 78 bilhões do Plano Agrícola e Pecuário 2008/2009, que será lançado oficialmente amanhã pelo Ministério da Agricultura. Desse total, R$ 65 bilhões serão destinados à agricultura empresarial, com incremento de R$ 7 bilhões em relação ao pacote agrícola do ano passado e outros R$ 13 bilhões para a agricultura familiar e assentados da reforma agrária, com acréscimo de R$ 1 bilhão para essas duas categorias.
Para o presidente da Farsul e da Comissão Nacional de Crédito Rural da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Carlos Sperotto, para que o Brasil possa continuar como um dos países mais bem cotados para suprir a demanda cada vez mais crescente dos estoques mundiais de alimentos, seria preciso um aporte de recursos bem superior. "Acredito que o governo vai rever esses valores iniciais, pois esses R$ 65 bilhões me causaram estranheza", declarou Sperotto. Segundo ele, após a realização de workshops para evidenciar as demandas regionais, o setor agrícola concluiu que seria necessária a liberação de pelo menos R$ 110 bilhões para esta safra.
O dirigente acrescenta que o Brasil conta hoje com 55 milhões de hectares plantados, com possibilidade de cultivar outros 77 milhões, mas que isso só será possível com uma oferta maior de crédito rural. "Temos clima, solo, mão-de-obra capacitada, tecnologia de primeiro mundo e área extra, mas precisamos de repasses à altura", declarou. Sperotto não se mostrou satisfeito com a taxa de juros para a agricultura empresarial, fixada em 6,75% ao ano. "Nos Estados Unidos a taxa é de 2% ao ano para qualquer investimento", complementou.
Na opinião do presidente da Farsul, é preciso que sejam lançadas ações separadas por parte do governo no sentido de buscar alternativas para o problema da alta constante dos insumos agrícolas. "A redução de juros seria uma maneira de compensar a valorização de 150% nos preços dos insumos agrícolas no acumulado dos últimos meses", acredita ele.
Para o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag/RS), Sérgio de Miranda, o total destinado aos pequenos agricultores, com o incremento de R$ 1 bilhão ficou dentro do demandado durante o Grito da Terra 2008. No entanto, ele ressalta que já é possível falar em defasagem, em função dos constantes aumentos dos preços dos insumos e, conseqüentemente, dos custos de produção. "Não temos como prever o quanto mais possa ser necessário agregar aos R$ 13 bilhões, mas contamos com a promessa do presidente Lula, de que, caso necessário, haverá complemento."
A taxa de juros de custeio para as pequenas propriedades, que ficarão entre 1,5% e 5,5% ao ano, fugiram da expectativa da Fetag que esperava taxa zero. A grande dúvida agora é com relação ao anúncio dos preços mínimos dos produtos agrícolas. "Ficamos satisfeitos com o valor mínimo para o feijão, em R$ 90,00 a saca, e aguardamos que os outros produtos também tenham um incremento", salientou.
Com o Plano Agrícola e Pecuário o governo quer garantir um aumento de 18 milhões de toneladas de produção até 2010, principalmente em leite, milho, feijão, arroz, mandioca, trigo, aves, café, frutas, arroz e cebola.

Fonte: Jornal do Comércio
 
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